segunda-feira, 14 de abril de 2014

Dos espaços majestosos...

Dos espaços majestosos, baixemos nossos olhares para a Terra. Apesar de suas proporções modestas, ela tem, sabemo-lo, seus encantos, sua beleza. Cada sítio tem sua poesia, cada paisagem sua expressão, cada vale seu sentido particular. A variedade é tão grande nos prados do nosso mundo quanto nos campos estrelados. O verão é o sorriso de Deus! Nada mais suave, mais inebriante do que a apoteose de um belo dia em que tudo é carícia, doçura, luz. A florinha escondida na relva, o peixe que se esgueira entre as águas, fazendo espelhar ao sol suas escamas de prata, o pássaro que modula suas notas do alto das ramadas, o murmúrio das fontes, a canção misteriosa dos álamos e dos olmeiros, o perfume selvagem dos musgos, tudo isso acalenta o pensamento, regozija o coração. Longe das cidades, encontra-se a calma profunda que penetra a Alma, separando-a das lutas e das decepções da vida. Só e então se compreende a verdade destas grandes palavras: “O ruído é dos homens, o silêncio é de Deus!”. A contemplação e a meditação provocam o despertar das faculdades psíquicas e, por elas, todo um mundo invisível se abre à nossa percepção. Ensaiei, no correr desta obra, exprimir as sensações experimentadas do alto dos cimos ou à borda dos mares, descrever o encanto dos crepúsculos e das auroras; a serenidade dos campos, sob o real esplendor do Sol, o prodigioso poema das noites estreladas, a sublimidade dos luares, o enigma das águas e dos bosques. Há momentos de êxtase em que a Alma se transporta fora do seu invólucro e abraça o Infinito; horas de intuição e entusiasmo, em que o influxo divino nos invade qual uma onda irresistível, em que o pensamento supremo vibra e palpita em nosso íntimo, onde brilha, por um instante, a centelha do gênio. Essas horas inolvidáveis eu vivi algumas vezes e, em cada uma delas, acreditei na visita, na penetração do Espírito. Devo-lhes a inspiração de minhas mais belas páginas e de meus melhores discursos. Aquele que se recolhe no silêncio e na solidão, diante dos espetáculos do mar ou das montanhas, sente nascer, subir, crescer em si mesmo imagens, pensamentos, harmonias que o arrebatam, encantam e consolam das terrestres misérias, e lhe abrem as perspectivas da vida superior. Compreende então que o pensamento de Deus nos envolve e nos penetra quando, longe das torpezas sociais, sabemos abrir-lhe nossas almas e nossos corações._________________________________________Léon Denis em O Grande Enigma

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Sobre reuniões espíritas

Uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e propriedades são as dos seus membros, formando uma espécie de feixe. Ora, esse feixe será tanto mais forte quanto mais homogêneo. Se o Espírito for de qualquer maneira atingido pelo pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas unidas numa mesma intenção terão necessariamente mais força que uma só. Mas para que todos os pensamentos concorram para o mesmo fim é necessário que vibrem em uníssono, que se confundam por assim dizer em um só, o que não pode se dar sem concentração. A concentração e a comunhão de pensamentos sendo as condições necessárias de toda reunião séria, compreende-se que o grande número de assistentes é uma das causas mais contrárias à homogeneidade. Não há, é certo, nenhum limite absoluto para esse número. Compreende-se que cem pessoas, suficientemente concentradas a atentas, estarão em melhores condições do que dez pessoas distraídas e barulhentas. Mas é também evidente que quanto maior o número, mais dificilmente se preenchem essas condições. Toda reunião espírita deve, pois, procurar a maior homogeneidade possível. Fonte: O Livro dos Médiuns (Cap. 29 – Reuniões e Sociedades)