segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

O nascimento

A união da Alma e do corpo começa com a concepção e só fica completa na ocasião do nascimento. É o invólucro fluídico que liga o Espírito ao gérmen; essa união se vai apertando cada vez mais, até tornar-se completa, e isto se dá quando a criança vê a luz do dia terrestre. No intervalo da concepção ao nascimento, as faculdades da Alma vão, pouco a pouco, sendo aniquiladas pelo poder sempre crescente da força vital recebida dos geradores, que diminui o movimento vibratório do perispírito, até o momento em que o Espírito na criança fica inteiramente inconsciente. Essa diminuição vibratória do movimento fluídico produz a perda da lembrança das vidas anteriores, de que breve trataremos. O Espírito na criança dormita em seu invólucro material e, à medida que se aproxima o nascimento, suas idéias se apagam e, assim, o conhecimento do passado, de que não tem mais consciência quando abre os olhos à luz do dia. Essa consciência só voltará quando, pela desmaterialização final ou pelas influências profundas da exteriorização, na hipnose, a Alma retomar seu movimento vibratório e encontrar seu passado e o mundo adormecido de suas recordações. Eis a verdadeira gênese da vida humana. As aquisições do passado são latentes em cada Alma: as faculdades não se destroem; têm raízes no inconsciente e sua aparência depende do progresso anteriormente capitalizado, dos conhecimentos, das impressões, das imagens, do saber e da experiência. É o que constitui o “caráter” de cada indivíduo vivo e lhe dá as aptidões originais e proporcionais a seu grau de evolução. A criança adquire de seus pais apenas a força vital, à qual é preciso ajuntar certos elementos hereditários. Por ocasião da encarnação, o perispírito se une, molécula por molécula, à matéria do gérmen. Nesse gérmen, que deve mais tarde constituir o indivíduo, reside uma força inicial, que resulta da soma dos elementos de vida do pai e da mãe, no momento da geração. Esse gérmen contém uma energia potencial maior ou menor, que, transformando-se em energia ativa, durante o período total da vida, determina o grau de longevidade do ser. É, pois, sob a influência dessa força vital, emanada dos geradores, que, por sua vez, a recebem dos antepassados, que o perispírito desenvolve suas propriedades funcionais. Assim, o duplo fluídico reproduz, sob a forma de movimentos, o traço indelével de todos os estados da Alma, desde seu primeiro nascimento; por outra parte, o gérmen material recebe a impressão de todos os estados sucessivos do perispírito: há aí um paralelismo vital absolutamente lógico e harmonioso. Torna-se assim o perispírito o regulador e o apoio da energia vital modificada pela hereditariedade. É por aí que se forma o tipo individual de cada um. Ele é o “mediador plástico” do filósofo escocês Wordsworth, a tessitura fluídica permanente, através da qual passa a torrente da matéria fluente que destrói e reconstrói incessantemente o organismo vivo. É a armadura invisível que sustém interiormente a estátua humana. O perispírito é o princípio de identidade física e moral que mantém indefectível, no meio das vicissitudes do ser móvel e mutável, o princípio do eu consciente. A memória, que nos dá a certeza íntima de nossa identidade pessoal, é a irradiação reflexa desse perispírito. Tal é a origem de nossa vida. ______________________________________________________________________________________________

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Egito antigo

A civilização egípcia, por Emmanuel Dentre os Espíritos degredados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacavam na prática do Bem e no culto da Verdade. Aliás, importa considerar que eram eles os que menos débitos possuíam perante o tribunal da Justiça Divina. Em razão dos seus elevados patrimônios morais, guardaram no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua pátria distante. Um único desejo os animava, que era trabalhar devotadamente para regressar, um dia, aos seus penates resplandecentes. Uma saudade torturante do céu foi a base de todas as suas organizações religiosas. Em nenhuma civilização da Terra o culto da morte foi tão altamente desenvolvido. Em todos os corações morava a ansiedade de voltar ao orbe distante, ao qual se sentiam presos pelos mais santos afetos. Foi por esse motivo que, representando uma das mais belas e adiantadas civilizações de todos os tempos, as expressões do antigo Egito desapareceram para sempre do plano tangível do planeta. Depois de perpetuarem nas Pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana regressaram à pátria sideral. -fonte: blog/Observador Espírita- CHICO XAVIER NO EGITO ANTIGO No livro “Chico, Diálogos e Recordações”, o autor Carlos Alberto Braga realiza um trabalho sério e dedicado por quatro anos com Arnaldo Rocha, que teve quase 50 anos de convivência com Chico Xavier. Arnaldo revelou uma série de reencarnações de si mesmo e de “Nossa Alma Querida”, como se refere a Chico. Arnaldo Rocha foi o doutrinador de um grupo de desobsessão que Chico Xavier participava. O nome era “Grupo Coração Aberto”, onde muitas revelações sobre vidas passadas na história planetária foram reveladas. O resultado do trabalho pode ser parcialmente visto nos livros “Instruções Psicofônicas” e “Vozes do Grande Além”. Dentre várias encarnações de Francisco Cândido Xavier, algumas já foram elucidadas: Hatshepsut (Egito) (aproximadamente de 1490 AC a 1450 AC) Era uma farani – feminino de faraó – que herdou o trono egípcio em função da morte do irmão. A regência dela foi muito importante para o Egito, já que suspendeu os processos bélicos e de expansão territorial. Trouxe ao povo um pensamento intrínseco e mais religioso. Viveu numa época em que surgiram as escritas nos papiros, o livro dos mortos. Hatshepsut foi muito respeitada e admirada pelo povo egípcio. Obesa e diabética, com câncer nos ossos, desencarnou em torno dos 40 anos, por causa de uma infecção generalizada. Hatshepsut foi a primeira faraó (mulher) da história. Governou o Egito sozinha por 22 anos, na época o Estado era um dos mais ricos. Chams (Egito) (por volta de 800 AC) Rainha do Egito durante o império babilônico de Cemirames. Vários amigos de Chico Xavier também estavam encarnados na época, como Camilo Chaves, o próprio Arnaldo Rocha e Emmanuel, que era sacerdote e professor de Chams. -fonte: Jornal Correio Espírita-

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Visão espírita do tabagismo

Cigarro, morte lado a lado. Os efeitos nocivos do fumo ultrapassam os níveis puramente físicos, atingindo o perispírito (2,3,4,5). Por causa do fumo, o perispírito fica impregnado e saturado de partículas semi-materiais nocivas, principalmente na região do aparelho respiratório, que absorvem a vitalidade, prejudicando a normalidade do fluxo das energias espirituais sustentadoras, as quais, através dele, o perispírito ou corpo espiritual, se condensam para abastecer o corpo físico. Essas impurezas no perispírito podem ser vistas por médiuns videntes como manchas, formadas de pigmentos escuros, que envolvem os órgãos mais atingidos pelo fumo, principalmente os pulmões (5). O fumo também amortece as vibrações mais delicadas, bloqueando-as, tornando o homem, até certo ponto, insensível aos envolvimentos de entidades espirituais amigas e protetoras (5). Por isso, André Luiz (3) e Luiz Sérgio (4), recomendam que, no dias das reuniões mediúnicas, os trabalhadores ainda necessitados do fumo, devem abster-se ou reduzi-lo, para não prejudicar o intercâmbio. O desejo de fumar, que se situa no corpo astral, permanece após o desencarne e, como perispírito é muito mais sensível do que o corpo físico, isto se torna desastroso, pois a necessidade de fumar é enormemente ampliada, levando-o ao desespero e ao desequilíbrio, provocando uma espécie de paralisia e insensibilidade aos trabalhos dos socorristas por algum tempo, como se permanecesse em estado de inconsciência e incomunicabilidade, ficando o desencarnado em prejuízo no recebimento de auxílio espiritual e preso à crosta terrestre (5). O desejo de fumar, no espírito, faz com que ele sintonize com pessoas com predisposição de fumar ou fumantes para, como vampiros, usufruírem as mesmas inalações inebriantes. Como entidades espirituais agem hipnoticamente no campo da imaginação, transmitindo as ondas magnéticas envolventes das sensações e desejos de que, juntos, se alimentam. Através de processos de simbiose em níveis vibratórios, o fumante pode colher em seu prejuízo as impregnações daqueles que podem deixa-lo infeliz, triste, grosseiro, preso à vontade de entidades inferiores, sem domínio e a consciência dos seus verdadeiros desejos (2,3,6). André Luiz, no livro Nos Domínios da Mediunidade nos fala: “(…) Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as exalavam, nisso encontrando alegria e alimento.(…) Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam com tamanho desvario às sensações da experiência física, que se cosem àqueles nossos amigos terrestres temporariamente desequilibrados nos desagradáveis costumes por que se deixam influenciar.(…) , o que a vida começou, a morte continua… Esses nossos companheiros situaram a mente nos apetites mais baixos do mundo, alimentando-se com um tipo de emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não obstante haverem frequentado santuários religiosos, não se preocuparam em atender aos princípios da fé que abraçaram, acreditando que a existência devia ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais astuciosos e dos mais fortes. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de impressões delituosas e escuras, como é da Lei que cada alma receba da vida de conformidade com aquilo que dá, não encontraram interesse senão nos lugares onde podem nutrir as ilusões que lhes são peculiares, porquanto, na posição e que se veem, temem a verdade e abominam-na, procedendo como a coruja que foge à luz”. O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos sutis do corpo espiritual dê lugar à normalidade do envoltório espiritual, o que, na maioria das vezes, tem a duração em que o tabagismo perdurou na existência física do fumante (5). Segundo Emmanuel, quando o espírito não tem força de vontade suficiente para abandonar o vício, pode necessitar, no Mundo Espiritual, de um tratamento com cotas diárias de substituto dos cigarros comuns, com ingredientes semelhantes aos do cigarro terrestre, sendo sua administração diminuída gradativamente, até que consiga ficar livre da dependência (5). O fumante transfere de uma vida para a outra certos reflexos ou impregnações magnéticas que o perispírito contém devido às imantações recebidas do seu corpo físico e do campo mental que lhe são específicas. As predisposições e as tendências são transportadas para a nova vida, que é uma oportunidade de libertação do vício do passado, mas nem sempre vitoriosa. O Espiritismo aceita um componente reencarnatório na predisposição aos vícios, o que, hoje, a Ciência já começa a comprovar, com estudos que mostram que alguns genes podem estar relacionados com predisposição para o fumo (1,2,5). O tabagismo é responsável por doenças cármicas, tais como asma, enfisema congênito, infecções recorrentes, na infância, das vias aéreas e câncer em reencarnações futuras, ocasionadas pela lesão do corpo espiritual (2). É através da fé que podemos nos libertar do vício que nos angustia e que nos deprime cada vez mais, em vez de levar ao prazer, como erradamente pensamos em nossa vida material. É indispensável criar esta ligação, para que cheguemos à conclusão de que só nos viciamos quando já temos os nossos vícios da alma. Vícios da falta de compreensão, falta de tolerância, o nosso orgulho, a nossa vaidade e todas as outras dores da alma que levam aos nossos sofrimentos do dia a dia. ____________________________________________________________________________________________ Autora: Drª. Maria Cristina Alochio de Paiva Médica Pneumologista. Bibliografia: 1. Disponível em http://www.saúde.gov.br/paredefumar. Acessado em 25/08/2001. 2. Kühl, E. Tóxicos – Duas Viagens. 4. ed. Belo Horizonte, MG: editora Cristã Espírita Fonte Viva, 1998. 3. Luiz, André (psicografia de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira). Desobsessão. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. 4. Sérgio, Luiz (psicografia de Irene P. Machado) Dois Mundos Tão Meus. 6. ed. Brasília: Livraria e Editora Recanto, 1999. 5. Rigonatti, E. Manual prático do Espírita. 6. Luiz, André (psicografia de Francisco C. Xavier). Nos Domínios da Mediunidade. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999. Fonte: Associação Médico-Espírita do Estado do Espírito Santo (AMEEES), 2001.

Reforma íntima

Os que me acompanham há mais tempo sabem que eu escrevo à frente dum espelho. É pra lembrar que escrevo, em primeiro lugar, pra mim mesmo. Acho que o maior adversário da reforma íntima que precisamos fazer é a preguiça. Não sei o quanto você conhece, o quanto você sabe. As coisas da espiritualidade são uma fonte de aprendizado inesgotável. O Espiritismo, particularmente, é um campo de pesquisa e estudo vasto e rico. Por isso disse que não sei o quanto de conhecimento e experiência você tem. Não importa. Você acredita em reencarnação, você aceita os fatos da mediunidade mesmo sem ser médium ativo, você crê na bondade e misericórdia de Deus. Que bom! No entanto, não basta crer. É preciso agir. Por menos que você saiba é bem provável que você saiba mais das coisas do Espírito do que a maioria das pessoas com quem você convive no dia-a-dia. Por menos elevado que você seja, e é bom que se reconheça isso, tudo indica que você esteja mais preparado moral e espiritualmente do que a maior parte das pessoas do seu círculo de convívio. Isso aumenta a sua responsabilidade. Quanto mais conhecimento, maior é a obrigação de colocar em prática o que se sabe. Quanto mais se aprimora espiritualmente, maior é a responsabilidade perante os outros. Se você se dedica às coisas do Espírito, é natural que você acabe contando com a simpatia e o amparo dos espíritos trabalhadores. Quanto mais você se dedica ao conhecimento e à reforma íntima, mais aumentam os seus contatos e a sua intimidade com espíritos superiores a nós. Se você faz dessa busca de aperfeiçoamento algo que tenha um espaço significativo em seu cotidiano, você começa a beneficiar as pessoas que estão à sua volta. Se você está um pouco mais elevado que aqueles que o cercam, você passa a agir como fator de equilíbrio nos ambientes que frequenta. Observe o grau de influência que o seu estado de espírito exerce no seu ambiente de trabalho ou estudo. Note como o seu humor atinge as demais pessoas, veja a responsabilidade que os seus pensamentos têm na harmonia geral. Sua influência aumenta se você desenvolver a disciplina com a espiritualidade. O ideal é que o contato com as coisas do Espírito aconteçam todos os dias; ou, pelo menos, nos dias úteis, nos dias de trabalho. A oração, a meditação, a leitura edificante, o seu contato deliberado com a espiritualidade superior deve ser diário. Isso pode parecer difícil, mas não é. Serão alguns minutos do seu dia. Você define o tempo. Você pode dedicar cinco minutos pela manhã, cinco minutos ao meio-dia e cinco minutos à noite. Já é um ótimo começo. Se você não puder cumprir esses horários, estabeleça outro que possa cumprir. O importante é fazer disso um hábito, uma disciplina que faça parte da sua vida. Acredito que algumas pessoas não têm tempo, ou não têm um horário fixo que possa ser dedicado a isso. Entendo que muitos não estão preparados pra isso, não conseguem ver nessa prática algo que tenha algum valor real. Mas sei que há muitas pessoas que consideram essa disciplina importante e não conseguem convencer a si mesmas, não conseguem se impor um compromisso, não conseguem vencer a preguiça. Se for o seu caso, saiba que a preguiça é um mal terrível, que deve ser combatido imediatamente. A preguiça é pior do que muitos maus hábitos. Pessoas decididas conseguem transformar um mau hábito num bom hábito. Vencer a preguiça geralmente dá mais trabalho, pois a pessoa “se perdoa” por ser preguiçosa. Você tem responsabilidade sobre os que convivem com você. Você tem conhecimentos que eles não têm. Seja disciplinado, mantenha bons hábitos e aja como um instrumento de Deus. Morel Felipe

Saudade

O espiritismo é uma doutrina consoladora, por nos demonstrar a continuidade da vida após a separação terrena. Mas devemos reconhecer que o fato de sabermos que a vida continua não ameniza a saudade, pois é difícil superar o silêncio. Esse silêncio que dói e que não é preenchido por nada. Talvez se tivéssemos em mente, se nos lembrássemos com frequência, que todos aqueles que amamos um dia vão partir da matéria, muitos deles antes de nós, talvez então os valorizássemos mais, talvez então notássemos mais as suas virtudes e menos os seus defeitos. Mas isso também vale para quem, por algum motivo, esteja afastado dos seus. É claro que então a saudade ainda dói, mas ao mesmo tempo alenta, porque o reencontro não depende de que todas as pessoas estejam novamente no mesmo plano… Sem contar que hoje temos o auxílio inestimável da tecnologia. Não é a mesma coisa? Claro que não, mas pouco tempo atrás não existia, não havia esse consolo. Algum tempo atrás, quem imaginaria ver suas pessoas queridas pelo webcam, estando em praticamente qualquer lugar do mundo? Uma coisa a ser evitada nos momentos de saudade é justamente pensar nela. Antes de deprimir-se, é melhor se manter ocupado com coisas úteis. Não há um monte de coisas que deixamos pra fazer quando tivermos tempo? Pois que se aproveite o espaço vazio deixado pela saudade para ocupar-se com essas coisas. A palavra saudade só existe na língua portuguesa, e sua etimologia é a mesma da palavra solidão. E são realmente sentimentos que se confundem. Pois a solidão também pode ser aproveitada para coisas que em outras ocasiões e circunstâncias não seriam possíveis. É na solidão que entramos em contato com nós mesmos, com nosso universo interior. Na solidão podemos encontrar respostas seguras para as incertezas que alimentamos, e esse contato com nosso íntimo é que nos dá coragem para enfrentar as dificuldades da passagem pela Terra. Quando estiver de braços com a saudade, não permita que ela se transforme numa prisão emocional, impedindo que você saiba aproveitar os dias que de repente ficaram mais compridos, impedindo que você domine o seu pensamento, que você domine as lágrimas, que você domine o desânimo que bate à porta ameaçadoramente. Não! Todos os períodos da vida são importantes, nenhum se repete, com toda a certeza um dia a oportunidade de aprendizado e vivência desse momento da sua vida lhe será cobrado, e é bom que você tenha aproveitado. Seja útil, seja útil aos outros, aos que ficaram, seja útil a você! E quando puder estar novamente ao lado das pessoas que ama, aproveite ao máximo, viva cada detalhe, cada momento; sabe-se lá quando terá outro abraço como esse? É triste? Talvez. Seria pior se não houvesse o reencontro nesta vida; pior ainda se não houvesse amanhã. Mas a vida é um dia depois do outro, cada um deve ser aproveitado ao máximo, com saudade ou sem saudade. Quanta oportunidade um dia nos oferece! Que o vazio da ausência seja preenchido com bons pensamentos e atividades construtivas. E que se aproveite essa oportunidade de aprendizado para, no decorrer dessa vida e pela eternidade, darmos o devido valor às coisas simples, que não exigem nada de extravagante para serem feitas, basta a presença daqueles que amamos.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Trabalho, Sobriedade, Continência

O trabalho é uma lei para as humanidades planetárias, assim como para as sociedades do espaço. Desde o ser mais rudimentar até os Espíritos angélicos que velam pelos destinos dos mundos, cada um executa sua obra, sua parte, no grande concerto universal. Penoso e grosseiro para os seres inferiores, o trabalho suaviza-se à medida que o Espírito se purifica. Torna-se uma fonte de gozos para o Espírito adiantado, insensível às atrações materiais, exclusivamente ocupado com estudos elevados. É pelo trabalho que o homem doma as forças cegas da Natureza e preserva-se da miséria; é por ele que as civilizações se formam, que o bem-estar e a Ciência se difundem. O trabalho é a honra, é a dignidade do ser humano. O ocioso que se aproveita, sem nada produzir, do trabalho dos outros não passa de um parasita. Quando o homem está ocupado com sua tarefa, as paixões aquietam-se. A ociosidade, pelo contrário, instiga-as, abrindo-lhes um vasto campo de ação. O trabalho é também um grande consolador, é um preservativo salutar contra as nossas aflições, contra as nossas tristezas. Acalma as angústias do nosso espírito e fecunda a nossa inteligência. Não há dor moral, decepções ou reveses que não encontrem nele um alívio; não há vicissitudes que resistam à sua ação prolongada. O trabalho é sempre um refúgio seguro na prova, um verdadeiro amigo na tribulação. Não produz o desgosto da vida. Mas quão digna de piedade é a situação daquele a quem as enfermidades condenam à imobilidade, à inação! E quando esse ser experimenta a grandeza, a santidade do trabalho, quando, acima do seu interesse próprio, vê o interesse geral, o bem de todos e nisso também quer cooperar, eis então uma das mais cruéis provas que podem estar reservadas ao ser vivente. Tal é, no espaço, a situação do Espírito que faltou aos seus deveres e desperdiçou a sua vida. Compreendendo muito tarde a nobreza do trabalho e a vileza da ociosidade, sofre por não poder então realizar o que sua alma concebe e deseja. O trabalho é a comunhão dos seres. Por ele nos aproximamos uns dos outros, aprendemos a auxiliarmo-nos, a unirmo-nos; daí à fraternidade só há um passo. Léon Denis - O Caminho Reto

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Fluídos do Espaço

Na erudita e encantadora obra "Depois da Morte", do eminente colaborador de Allan Kardec, Léon Denis, o qual, como sabemos, além de primoroso escritor foi um grande inspirado pelos Espíritos de escol, à página 235 da 7ª edição (FEB), Cap. XXXV, a exposição dessa tese não somente é fecunda e expressiva, como também mesclada de grande beleza, como tudo o que passou por aquele cérebro e aquela pena. Diz Léon Denis, na citada obra: "O Espírito, pelo poder da sua vontade, opera sobre os fluidos do Espaço, combina-os e os dispõe a seu gosto, dá-lhes as cores e as formas que convêm ao seu fim. É por meio desses fluidos que se executam obras que desafiam toda comparação e toda análise. Construções aéreas, de cores brilhantes, de zimbórios resplandecentes: circos imensos onde se reúnem em conselho os delegados do Universo; templos de vastas proporções, donde se elevam acordes de uma harmonia divina; quadros variados, luminosos: reproduções de vidas humanas, vidas de fé e de sacrifício, apostolados dolorosos, dramas do Infinito (1). Como descrever magnificências que os próprios Espíritos se declaram impotentes para exprimir no vocabulário humano? É nessas moradas fluídicas que se ostentam as pompas das festas espirituais. Os Espíritos puros, ofuscantes de luz, se agrupam em famílias. Seu brilho e as cores variadas de seus invólucros permitem medir a sua elevação, determinar os seus atributos. " (Os grifos são nossos.) E ainda outros trechos desse belo volume trazem informações a respeito do assunto, bastando que o leiamos com a devida atenção, bem assim vários capítulos de outra obra sua - "O Problema do Ser, do Destino e da Dor". Em outro magnífico livro do grande Denis - "No Invisível" -, à página 470, no cap. XXVI, da 3ª edição (FEB), há também este pequeno trecho, profundocomplexo, sugestivo, descortinando afirmações grandiosas: "Dante Alighieri é médium incomparável. Sua "Divina Comédia" é uma peregrinação através dos mundos invisíveis. Ozanã, o principal autor católico que já analisou essa obra genial, reconhece que o seu plano é calcado nas grandes linhas da iniciação nos mistérios antigos, cujo princípio, como é sabido, era a comunhão com o oculto." (Os grifos são nossos.) Assim se expressa o grande inspirado Léon Denis, (1) São essas reproduções de vidas humanas que os Instrutores Espirituais dão a ver aos médiuns, no Espaço, durante o sono letárgico, ou desdobramento, e dos quais se originam os romances mediúnicos, sempre tão atraentes... em suas obras, e, se mais não transcrevemos aqui, será por economia de espaço, que precisaremos atender. Do exposto, no entanto, deduziremos que a "Divina Comédia" não apresenta tão somente fantasias, como imaginaram os próprios eruditos, mas ocorrências reais do Além-Túmulo, que o poeta visionário mesclou de divagações, talvez propositadamente, numa época de incompreensões e preconceitos ainda mais intransigentes que os verificados em nossos dias (2). Os preciosos volumes escritos pelo sábio psiquista italiano Ernesto Bozzano, produto de severa análise científica, são férteis em apontar esses mesmos locais do Invisível, revelados por Espíritos desencarnados de adiantamento moral-espiritual normal, cujas comunicações, psicografadas por vários médiuns desconhecidos uns dos outros, alguns até completamente alheios ao Espiritismo, foram examinadas e cientificamente analisadas por aquele ilustre autor. Ser-nos-á impossível transcrever, aqui, muitos trechos de Bozzano a respeito, visto que em suas obras encontramos fartas observações em torno da tese em apreço. Devassando o Invisível de Ivonne do Amaral Pereira

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Revelação Espírita

9. - Haverá revelações diretas de Deus aos homens? É uma questão que não ousaríamos resolver, nem afirmativamente, nem negativamente, de maneira absoluta. O fato não é radicalmente impossível, porém, nada nos dá dele prova certa. O que não padece dúvida é que os Espíritos mais próximos de Deus pela perfeição se imbuem do seu pensamento e podem transmiti-lo. Quanto aos reveladores encarnados, segundo a ordem hierárquica a que pertencem e o grau a que chegaram de saber, esses podem tirar dos seus próprios conhecimentos as instruções que ministram, ou recebê-las de Espíritos mais elevados, mesmo dos mensageiros diretos de Deus, os quais, falando em nome de Deus, têm sido às vezes tomados pelo próprio Deus. As comunicações deste gênero nada têm de estranho para quem conhece os fenômenos espíritas e a maneira pela qual se estabelecem as relações entre os encarnados e os desencarnados. As instruções podem ser transmitidas por diversos meios: pela simples inspiração, pela audição da palavra, pela visibilidade dos Espíritos instrutores, nas visões e aparições, quer em sonho, quer em estado de vigília, do que há muitos exemplos na Bíblia, no Evangelho e nos livros sagrados de todos os povos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que quase todos os reveladores são médiuns inspirados, audientes ou videntes. Daí, entretanto, não se deve concluir que todos os médiuns sejam reveladores, nem, ainda menos, intermediários diretos da divindade ou dos seus mensageiros.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A Gênese Espírita _______________________________________________________________________________________________________________________________-

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sentimentos e Obsessão

Dando continuidade ao tema  "Obsessão"

Façamos agora, portanto, uma radiografia da exploração obsessiva sob o sentimento de “menos valia” ou baixa auto-estima, valendo-nos das etapas supra enumeradas.  

Etapa um

·              O agente encontra campo vibratório para sua intenção constritora.

·              A sensação de incapacidade é aceita pelo receptor, através de suas próprias crenças derrotistas programadas no inconsciente.

Etapa dois

·              O agente penetra a vida psíquica do receptor e estimula o sentimento de indignidade já presente na “vítima”.

·              Adesão espontânea no clima da revolta em função das frustrações da vida.

Etapa três

·              O agente trabalha com informações sobre as mazelas de seu alvo.
·               
·              São criadas as justificativas autodefensivas para a conduta invigilante.

Etapa quatro

·              Sugestões hipnóticas de autodesvalorização através de idéias imaginárias do desprezo do outrem.

·              Estado íntimo de insatisfação consigo próprio, levanto à culpa e apatia entre os ideais superiores.

Etapa cinco

·              Tecnologias avançadas para instalar a descrença – o sentimento básico para consumar uma queda moral.

·              Estado íntimo de falência cujo nome é desânimo – a doença de quem desistiu.

Etapa seis

·              Exploração do receptor nos programas de ataque e interferência na sociedade carnal. “Assalariado carnal”.

·              Total dependência em quadros de adoecimento psíquico.

O conceito de vigilância vai muito além de disciplinar os pensamentos. É no campo do sentimento que nasce esmagadora maioria das obsessões. A capacidade de “pensar livre” ou decidir por nós é “quase nula” no concerto universal. Vivemos em regime de contínuo intercâmbio e interdependência.
Nesse contexto fenomenológico da vida mental não será incoerente afirmar que todos respiramos, em maior ou menor grau, nas faixas da obsessão. A questão é saber se somos por ela dominados ou se a temos sob nosso controle. Sob essa ótica as obsessões são convites educativos contidos nas Leis Naturais para nosso aprimoramento.
Somente a oração ungida pelos sentimentos elevados, a intenção nobre e perseverante, seguidas da conduta reta, podem estabelecer um clima de autonomia psíquica desejável, que nos defenda da dominação dos interesses inferiores à nossa volta.

Essa autonomia interrompe o processo na “etapa dois”, quando elabora no terreno dos sentimentos o auto-amor – reconhecimento de nossa pequenez, seguido da alegria de poder contar sempre com a manifestação da Divina Providência em favor de nossas vastas necessidades espirituais.

Escutando Sentimentos.. 

Obsessão

Costuma-se relacionar obsessão com condutas viciosas como alcoolismo, tabagismo, sexolatria e outros vícios corporais. Entretanto, existe uma infinidade de conúbios obsessivos ainda não investigados que se operam em decorrência dos estados psicológicos e emocionais do ser humano.
Obsessão é uma interação de mentes que evolui no tempo através da sustentação de vínculos pela Lei de Sintonia, mantendo duas ou mais criaturas ligadas pelos seus interesses. Alterando ou deixando d existir tais interesses, a vinculação passa a ser circunstancial. Chamamo-la de pressão psíquica.
Que processo interiores experimenta a alma para que estabeleça um circuito de forças mentais dominadoras? Que estados psicológicos e emotivos servem de base na constrição mente a mente?
Analisemos, didaticamente, nesse terreno sutil, a seqüência de interação mental mais freqüente a partir da intenção obsessiva, nutrida por um Espírito desencarnado sobre as “brechas” oferecidas pelo encarnado.

Etapa um

·              Existe a intenção do agente (obsessor).

·              São acionados elementos de sintonia no receptor (obsidiado).

Etapa dois

·              O agente invade os limites psicológicos e emocionais do receptor.

·              Permissão do receptor.

Etapa três

·              Produção de clichês induzidos.

·              Assimilação de idéias intrusas e surgimento do conflito mental.

Etapa quatro

·              Sugestões hipnóticas de manutenção.

·              Enfraquecimento da vontade.

Etapa cinco

·              Implantação de tecnologias.

·              Adesão intencional ao plano do agente indutor através do sentimento.

Etapa seis

·              Evolução e sofisticação do domínio sobre o receptor.

·              Dependência através de simbiose afetiva compartilhada.

Adotando a progressividade didática utilizada pelo senhor Allan Kardec no capítulo XXVIII de O Livro dos Médiuns, assim se enquadram as etapas acima referidas:

1)             Obsessão simples – estabelecimento da sintonia – etapas 1 a 3.

2)           Fascinação – Invasão dos limites alheios – etapas 4 e 5.

3)            Subjugação – simbiose – etapa 6.

Na educação interior, certos comportamentos sujeitam-se à obsessão. Ao longo do tempo, os embates interiores causam em alguns discípulos espíritas a sensação de “fadiga na alma”. Os esforços e vitórias parecem insignificantes e infrutíferos. Um nocivo sentimento de inutilidade toma conta da vida mental. Desponta a dúvida e com ela multiplicam-se as perguntas sobre a validade de perseverar. Não estará faltando algo? Melhorei de fato? Estarei sendo hipócrita?!
Nessa “hora psicológica” nascem muitas obsessões. Discípulos sinceros que sacrificaram longamente na conquista de si próprios estacionam em lamentação e descrença, desprezando as vitórias e fixando-se no derrotismo e na acomodação.

Um dos pontos educacionais da auto-aceitação consiste em valorizar os nossos esforços de reeducação espiritual – ponto crucial na conquista de condições psicológicas adequadas ao crescimento interior. Quando não valorizamos o que já podemos realizar, abrimos a freqüência da vida interior para a descrença, o desânimo e a desmotivação, convidando os famanazes da maldade para que dilapidem os tesouros de nossa vida íntima. 

livro Escutando Sentimenos - Wanderley de Oliveira

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O Céu Estrelado

Um livro grandioso, dissemos, está aberto aos nossos olhos, e todo observador paciente pode ler nele a palavra do enigma, o segredo da vida eterna. Aí se vê que uma Vontade dispôs a ordem majestosa em que se agitam todos os destinos, se movem todas as existências, palpitam todos os corações. A Alma! Aprende primeiro a suprema lição que desce dos espaços sobre as frontes apreensivas. O Sol está escondido no horizonte; seus alvores de púrpura tingem ainda o céu; luz serena indica que, além, um astro se velou aos nossos olhos. A noite estende acima de nossas cabeças seu zimbório constelado de estrelas. Nosso pensamento se recolhe e procura o segredo das coisas. Voltemo-nos para o Oriente. A Via-Láctea expande qual imensa fita, suas miríades de estrelas, tão aconchegadas, tão longínquas, que parecem formar uma contínua massa. Por toda parte, à medida que a noite se torna mais densa, outras estrelas aparecem, outros planetas se acendem, qual se fossem lâmpadas suspensas no santuário divino. Através das profundezas insondáveis, esses mundos permutam os seus raios de prata; impressionam-nos, à distância, e nos falam uma linguagem muda. Eles não brilham todos com o mesmo fulgor: a potente Sírius não se pode comparar à longínqua Capela. Suas vibrações gastaram séculos a chegar até o nosso olhar, e cada um de seus raios vale por um cântico, uma verdadeira melodia de luz, uma voz penetrante. Esses cânticos se resumem assim: “Nós também somos focos de vida, de sofrimento, de evolução. Almas, aos milhares, cumprem, em nós, destinos semelhantes aos vossos.”. Entretanto, todos não têm a mesma linguagem, porque uns são moradas de paz e de felicidade, e outros, mundos de luta, de expiação, de reparação pela dor. Uns parecem dizer: Eu te conheci, Alma humana, Alma terrestre; eu te conheci e hei de te tornar a ver! Eu te abriguei em meu seio outrora, e tu voltarás a mim. Eu te espero, para, por tua vez, guiares os seres que se agitam em minha superfície! E depois, mais longe ainda, essa estrela que parece perdida no fundo dos abismos do céu e cuja luz trêmula é apenas perceptível, essa estrela nos dirá: Eu sei que tu passarás pelas terras que formam meu cortejo, e que eu inundo com os meus raios; eu sei que tu aí sofrerás e te tornarás melhor. Apressa a tua ascensão. Eu serei e sou já para contigo uma vera amiga, porque até mim chegou o teu apelo, tua interrogação, tua prece a Deus. Assim, todas as estrelas nos cantam seu poema de vida e amor, todas nos fazem ouvir uma evocação poderosa do passado ou do futuro. Elas são as “moradas” de nosso Pai, os estádios, os marcos soberbos das estrelas do Infinito, e nós aí passaremos, aí viveremos todos para entrar um dia na luz eterna e divina. __________________________________Léon Denis em O Grande Enigma

Trabalho, Sobriedade, Continência

O trabalho é uma lei para as humanidades planetárias, assim como para as sociedades do espaço. Desde o ser mais rudimentar até os Espíritos angélicos que velam pelos destinos dos mundos, cada um executa sua obra, sua parte, no grande concerto universal. Penoso e grosseiro para os seres inferiores, o trabalho suaviza-se à medida que o Espírito se purifica. Torna-se uma fonte de gozos para o Espírito adiantado, insensível às atrações materiais, exclusivamente ocupado com estudos elevados. É pelo trabalho que o homem doma as forças cegas da Natureza e preserva-se da miséria; é por ele que as civilizações se formam, que o bem-estar e a Ciência se difundem. O trabalho é a honra, é a dignidade do ser humano. O ocioso que se aproveita, sem nada produzir, do trabalho dos outros não passa de um parasita. Quando o homem está ocupado com sua tarefa, as paixões aquietam-se. A ociosidade, pelo contrário, instiga-as, abrindo-lhes um vasto campo de ação. O trabalho é também um grande consolador, é um preservativo salutar contra as nossas aflições, contra as nossas tristezas. Acalma as angústias do nosso espírito e fecunda a nossa inteligência. Não há dor moral, decepções ou reveses que não encontrem nele um alívio; não há vicissitudes que resistam à sua ação prolongada. O trabalho é sempre um refúgio seguro na prova, um verdadeiro amigo na tribulação. Não produz o desgosto da vida. Mas quão digna de piedade é a situação daquele a quem as enfermidades condenam à imobilidade, à inação! E quando esse ser experimenta a grandeza, a santidade do trabalho, quando, acima do seu interesse próprio, vê o interesse geral, o bem de todos e nisso também quer cooperar, eis então uma das mais cruéis provas que podem estar reservadas ao ser vivente. Tal é, no espaço, a situação do Espírito que faltou aos seus deveres e desperdiçou a sua vida. Compreendendo muito tarde a nobreza do trabalho e a vileza da ociosidade, sofre por não poder então realizar o que sua alma concebe e deseja. O trabalho é a comunhão dos seres. Por ele nos aproximamos uns dos outros, aprendemos a auxiliarmo-nos, a unirmo-nos; daí à fraternidade só há um passo. A antiguidade romana havia desonrado o trabalho, fazendo dele uma condição de escravatura. Disso resultou sua esterilidade moral, sua corrupção, suas insípidas doutrinas. A época atual tem uma concepção da vida muito diferente. Encontra-se já satisfação no trabalho fecundo e regenerador. A filosofia dos Espíritos reforça ainda mais essa concepção, indicando-nos na lei do trabalho o germe de todos os progressos, de todos os aperfeiçoamentos, mostrando-nos que a ação dessa lei estende-se à universalidade dos seres e dos mundos. Eis por que estávamos autorizados a dizer: Despertai, vós todos que deixais dormitar as vossas faculdades e as vossas forças latentes! Levantai-vos e mãos à obra! Trabalhai, fecundai a terra, fazei ecoar nas oficinas o ruído cadenciado dos martelos e os silvos do vapor. Agitai-vos na colméia imensa. Vossa tarefa é grande e santa. Vosso trabalho é a vida, é a glória, é a paz da Humanidade. Obreiros do pensamento, perscrutai os grandes problemas, estudai a Natureza, propagai a Ciência, espalhai por toda parte tudo o que consola, anima e fortifica. Que de uma extremidade a outra do mundo, unidos na obra gigantesca, cada um de nós se esforce a fim de contribuir para enriquecer o domínio material, intelectual e moral da Humanidade!___________________________________________________________________Léon Denis em O Caminho Reto

Resignação

* É um dever lutar contra a adversidade. Abandonar-nos, deixar-nos levar pela preguiça, sofrer os males da vida sem reagir seria uma covardia. Mas, quando os nossos esforços se tornam supérfluos, quando tudo é inevitável, chega então o momento de apelarmos à resignação. Nenhum poder seria capaz de desviar de nós as conseqüências do passado. Revoltar-nos contra a lei moral seria tão insensato como o querermos resistir às leis de extensão e gravidade. Um louco pode procurar lutar contra a ordem imutável das coisas, mas o espírito sensato acha na provação os meios de retemperar, de fortificar as suas qualidades viris. A alma intrépida aceita os males do destino, mas, pelo pensamento, eleva-se acima deles e daí faz um degrau para atingir a virtude. As aflições mais cruéis, as mais profundas, quando são aceitas com essa submissão, que é o consentimento da razão e do coração, indicam, geralmente, o término dos nossos males, o pagamento da última fração do nosso débito. É o momento decisivo em que nos cumpre permanecer firmes, fazendo apelo a toda a nossa resolução, a toda a nossa energia moral, a fim de sairmos vitoriosos da prova e recolhermos os benefícios que ela nos oferece. Muitas vezes, nos momentos críticos, o pensamento da morte vem visitar-nos. Não é repreensível o solicitar a morte; ela, porém, só é realmente desejável quando se triunfa de todas as paixões. Para que desejar a morte, quando, não estando ainda curados os nossos vícios, precisamos novamente voltar para nos purificarmos em penosas encarnações? Nossas faltas são como túnica de Nesso apegada ao nosso ser, e de que somente nos poderemos desembaraçar pelo arrependimento e pela expiação. A dor reina sempre como soberana sobre o mundo; todavia, um exame atento mostra-nos com que sabedoria e previdência a vontade divina regulou os seus efeitos. Gradativamente, a Natureza encaminha-se para uma ordem de coisas menos terrível, menos violenta. Nas primeiras idades do nosso planeta, a dor era a única escola, o único aguilhão para os seres. Mas, pouco a pouco, atenua-se o sofrimento; males medonhos – a peste, a lepra, a fome – desaparecem. Já os tempos em que vivemos são menos ásperos do que os do passado. O homem domou os elementos, reduziu as distâncias, conquistou a Terra. A escravidão não mais existe. Tudo evolve, tudo progride. Lentamente, mas com segurança, o mundo e a própria Natureza aprimoram-se. Tenhamos confiança na potência diretora do Universo. Nosso espírito acanhado não poderia julgar o conjunto dos meios de que ela se serve. Só Deus tem noção exata dessa cadência rítmica, dessa alternativa necessária da vida e da morte, da noite e do dia, da alegria e da dor, de que se destacam, finalmente, a felicidade e o aperfeiçoamento das suas criaturas. Deixemos-lhe, pois, o cuidado de fixar a hora da nossa partida e esperemo-la sem desejá-la e sem temê-la. Enfim, o ciclo das provas está percorrido; o justo sente que o termo está próximo. As coisas da Terra empalidecem pouco a pouco aos seus olhos. O Sol parece-lhe suave, as flores sem cor, o caminho mais desbastado. Cheio de confiança, vê aproximar-se a morte. Não será ela a calma após a tempestade, o porto depois de travessia procelosa? Como é grande o espetáculo oferecido à alma resignada que se apresta para deixar a Terra após uma vida dolorosa! Atira um último olhar sobre seu passado; revê, numa espécie de penumbra, os desprezos suportados, as lágrimas concentradas, os gemidos abafados, os sofrimentos corajosamente sustentados. Docemente, sente-se desprender dos laços que a prendiam a este mundo. Vai abandonar seu corpo de lama, deixar para bem longe todas as podridões materiais. Que poderia temer? Não deu ela provas de abnegação, não sacrificou seus interesses à verdade, ao dever? Não esgotou, até o fim, o cálice purificador? Também vê o que a espera. As imagens fluídicas dos seus atos de sacrifício e de renúncia, seus pensamentos generosos, tudo a precedeu, assinalando, como balizas brilhantes, a estrada da sua ascensão. São esses os tesouros da vida nova. Ela distingue tudo isso e seu olhar eleva-se ainda mais alto, lá, aonde ninguém vai senão com a luz na fronte, o amor e a fé no coração. Perante esse espetáculo, uma alegria celeste penetra-a; quase lastima não ter sofrido por mais tempo. Uma derradeira prece, uma espécie de grito de alegria irrompe das profundezas do seu ser e sobe ao Pai e ao seu Mestre bem-amados. Os ecos no espaço perpetuam esse grito de liberdade, ao qual se juntam os cânticos dos Espíritos felizes que, em multidão, se apressam a recebê-la. ______________________________________________________________________________Léon Denis em O Caminho Reto

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A família



A família consangüínea, entre os homens, pode ser apreciada como o centro essencial de nossos reflexos. Reflexos agradáveis ou desagradáveis que o pretérito nos devolve. Certo, não incluímos aqui os Espíritos pioneiros da evolução que, trazidos ao ambiente comum, superam-no, de imediato, criando o clima mental que lhes é peculiar,
atendendo à renovação de que se fazem intérpretes.
Comentamos a nossa posição no campo vulgar da luta.
Cada criatura está provisoriamente ajustada ao raio de ação que é capaz de desenvolver ou, mais claramente, cada um de nós apenas, pouco a pouco, ultrapassará o horizonte a que já estenda os reflexos que lhe digam respeito.
O homem primitivo não se afasta, de improviso, da própria taba, mas aí renasce múltiplas vezes, e o homem relativamente civilizado demora-se longo tempo no plano racial em que assimila as experiências de que carece, até que a soma de suas aquisições o recomende a diferentes realizações.
É assim que na esfera do grupo consangüíneo o Espírito reencarnado segue ao encontro dos laços que entreteceu para si próprio, na linha mental em que se lhe caracterizam as tendências.
A chamada hereditariedade psicológica é, por isso, de algum modo, a natural aglutinação dos espíritos que se afinam nas mesmas atividades e inclinações.
Um grande artista ou um herói preeminente podem nascer em esfera estranha aos sentimentos nos quais se avultam. É a manifestação do gênio pacientemente elaborado no bojo dos milênios, impondo os reflexos da sua individualidade em gigantesco trabalho criativo.
Todavia, na senda habitual, o templo doméstico reúne aqueles que se retratam uns nos outros.
Uma família de músicos terá mais facilidade para recolher companheiros da arte divina em sua descendência, porque, muita vez, os Espíritos que assumem a posição de filhos na reencarnação, junto deles, são os mesmos amigos que lhes incentivavam a formação musical, desde o reino do Espírito, refletindo-se reciprocamente na continuidade de da ação em que se empenham através de séculos numerosos.
É ainda assim que escultores e poetas, políticos e médicos, comerciantes e agricultores quase sempre se dão as mãos, no culto dos melhores valores afetivos, continuando-se, mutuamente, nos genes familiares, preservando para si mesmos, mediante o trabalho em comum e segundo a lei do renascimento, o patrimônio evolutivo em que se exprimem no espaço e no tempo. Também é aí, de conformidade com o mesmo principio de sintonia, que vemos dipsõmanos e cleptomaníacos, tanto quanto delinqüentes e enfermos de ordem moral, nascendo daqueles que lhes comungam espiritualmente as deficiências e as provas, porquanto muitas inteligências transviadas se ajustam ao campo genético daqueles que lhes atraem a companhia, por força dos sentimentos menos dignos ou das ações deploráveis com que se oneram perante a Lei.
A tara familiar, por esse motivo, é a resultante da conjunção de débitos, situando-nos no plano genético enfermiço que merecemos, à face dos nossos compromissos com o mundo e com a vida. Dessa forma, somos impelidos a padecer o retorno dos nossos reflexos tóxicos através de pessoas de nossa parentela, que no-los devolvem por aflitivos processos de sofrimento.
Temos assim, no grupo doméstico, os laços de elevação e alegria que já conseguimos tecer, por intermédio do amor louvavelmente vivido, mas também as algemas de constrangimento e aversão, nas quais recolhemos, de volta, os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino e que necessitamos desfazer, à custa de trabalho e sacrifício, paciência e humildade, recursos novos com que faremos nova produção de reflexos espirituais, suscetíveis de anular os efeitos de nossa conduta anterior, conturbada e infeliz.

EMMANUEL
(Do livro "Pensamento e Vida", 12, FCXavier)

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Caridade



Tudo o que fizermos pelos nossos irmãos gravar-se-á no grande livro fluídico, cujas páginas se expandem através do espaço, páginas luminosas onde se inscrevem nossos atos, nossos sentimentos, nossos pensamentos. E esses créditos ser-nos-ão regiamente pagos nas existências futuras.

Nada fica perdido ou esquecido. Os laços que unem as almas na extensão dos tempos são tecidos com os benefícios do passado. A sabedoria eterna tudo dispôs para bem das criaturas. As boas obras realizadas neste mundo tornam-se, para aquele que as produziu, fonte de infinitos gozos no futuro.

A perfeição do homem resume-se a duas palavras: Caridade e Verdade.

A caridade é a virtude por excelência, pois sua essência é divina. Irradia sobre os mundos, reanima as almas como um olhar, como um sorriso do Eterno. Ela se avantaja a tudo, ao sábio e ao próprio gênio, porque nestes ainda há alguma coisa de orgulho, e às vezes são contestados ou mesmo desprezados. A caridade, porém, sempre doce e benevolente, reanima os corações mais endurecidos e desarma os Espíritos mais perversos, inundando-os com o amor.



Léon Denis - O Caminho Reto

domingo, 8 de setembro de 2013

Conceito de circuito mediúnico


 - Aplica-se o conceito de circuito mediúnico à extensão do campo de integração magnética em que circula uma corrente mental, sempre que se mantenha a sintonia psíquica entre os seus extremos ou, mais propriamente, o emissor e o receptor.

O circuito mediúnico, dessa maneira, expressa uma “vontade-apelo” e uma “vontade-resposta”, respectivamente, no trajeto ida e volta, definindo o comando da entidade comunicante e a concordância do médium, fenômeno esse exatamente aplicável tanto à esfera dos Espíritos desencarnados, quanto à dos Espíritos encarnados, porqüanto exprime conjugação natural ou provocada nos domínios da inteligência, totalizando os serviços de associação, assimilação, transformação e transmissão da energia mental.

Para a realização dessas atividades, o emissor e o receptor guardam consigo possibilidades particulares nos recursos do cérebro, em cuja intimidade se processam circuitos elementares do campo nervoso, atendendo a trabalhos espontâneos do Espírito, como sejam, ideação, seleção, auto-crítica e expressão.

Mecanismos da Mediunidade _ livro

Mecanismos da Mediunidade (livro)



A convite do Espírito André Luiz, os médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira receberam os textos deste livro em noites de quintas e terças-feiras, na cidade de Uberaba, Estado de Minas Gerais.

 O prefácio de Emmanuel e os capítulos pares foram recebidos pelo médium Francisco Cândido Xavier, e o prefácio de André Luiz e os capítulos ímpares foram recebidos pelo médium Waldo Vieira.

 — (Nota dos médiuns.)

Mediunidade



Acena-nos a antigüidade terrestre com brilhantes manifestações mediúnicas, a repontarem da História.
Discípulos de Sócrates referem-se, com admiração e respeito, ao amigo invisível que o acompanhava constantemente. Reporta-se Plutarco ao encontro de Bruto, certa noite, com um dos seus perseguidores desencarnados, a visitá-lo, em pleno campo.

Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monoideizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes
assombrados, durante largo tempo.

Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.

Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali ‘vistos, frequentemente, até que se lhe exumaram os despojos para a incineração.

Todavia, onde a mediunidade atinge culminâncias é justamente no Cristianismo nascituro.

Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina.

E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes quando, associadas as suas forças, por se acharem “todos reunidos”, os
emissários espirituais do Senhor, através deles, produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, inclusive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.

Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram habituais.

MECANISMOS DA MEDIUNIDADE 
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA 
DITADO PELO ESPÍRITO ANDRÉ LUIZ 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Teoria das almas gêmeas

Grande polêmica se faz acerca da teoria das almas gêmeas por conta do texto de Emmanuel sobre o assunto contido no livro “O Consolador”, em que o Benfeitor considera quando indagado sobre tal teorização:

No sagrado mistério da vida, cada coração possui no Infinito a alma gêmea da sua, companheira divina para a viagem à gloriosa imortalidade. Criadas umas para as outras, as almas gêmeas se buscam, sempre que separadas. A união perene é-lhes a aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres, se transviados no crime ou na inconsciência, experimentaram a separação das almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama das existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se amam mais intimamente, envolvendo umas para as outras num turbilhão de ansiedades angustiosas; atração que é superior a todas as expressões convencionais da vida terrestre. Quando se encontram no acervo real para os seus corações – a da ventura de sua união pela qual não trocariam todos os impérios do mundo, e a única amargura que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova separação pela morte, perspectiva essa que a luz da Nova Revelação veio dissipar, descerrando para todos os espíritos, amantes do bem e da verdade, os horizontes eternos da vida”


Note-se que Emmanuel não contradiz Kardec como alguns forçosamente querem crer. Antes, traça um belo panorama do que o amor, em se tratando de almas afins, que pelejam longos séculos, milênios talvez, juntas, em compromissos ora dolorosos ora sublimes, pode fazer, transformando os seres, que passam a se amparar e galgar juntos seu caminho de ascensão. Não trata, em nenhum momento, das almas gêmeas como metades eternas, mas sim como criaturas cuja perfeita sintonia de pendores as faz credoras de um amor recíproco que atravessa as maiores barreiras, passando a impressão de serem feitas mesmo uma para a outra, tamanha identidade de pensamentos. Não vemos portanto qualquer incongruência entre os textos, já que todos contamos para nossa felicidade com espíritos simpáticos e amorosos devotados a nós em todos os níveis de nossa existência.


Diante disso, munidos no melhor sentimento fraterno, postamos abaixo o belo poema escrito por Emmanuel quando de sua reencarnação em Roma a sua esposa Lívia. A bela imagem das almas gêmeas, entendidas no âmbito das simpatias e dos laços que se perdem nas noites do tempo, continua sendo fonte inspiradora a todos que amam e a todos que querem reaprender a amar....



Alma gêmea da minhalma, Flor de luz da minha vida,
Sublime estrela caída Das belezas da amplidão!... 
Quando eu errava no mundo, Triste e só, no meu caminho, 
Chegaste, devagarinho, E encheste-me o coração. 
Vinhas na bênção dos deuses, Na divina claridade, 
Tecer-me a felicidade Em sorrisos de esplendor!... 
És meu tesouro infinito, Juro-te eterna aliança, 
Porque sou tua esperança, Como és todo o meu amor! 
Alma gêmea da minhalma, Se eu te perder, algum dia, 
Serei a escura agonia Da saudade nos seus véus... 
Se um dia me abandonares, Luz terna dos meus amores, 
Hei de esperar-te, entre as flores Da claridade dos céus... 


Poema extraído do livro “Há dois mil anos”, dedicado por Públio Lentulus (reencarnação anterior de Emmanuel em Roma) a sua esposa Lívia

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Forças Radiantes

Apesar desse obstáculo e com a finalidade de estabelecer uma comparação entre os estudos humanos e os dos habitantes do Espaço sobre um mesmo assunto, reproduzimos abaixo os termos de uma mensagem de nosso guia, obtida sob a forma de uma conversa, por meio da incorporação. Veremos, aí, como esse espírito conseguiu conhecer e assimilar as forças radiantes do Além:

“Por muito tempo as ondas vibratórias do espaço fluíram sobre meu perispírito sem penetrá-lo, pois minha natureza um pouco ardente não as percebia.
Agora que esse temperamento adquiriu mais flexibilidade, sinto correntes que são comparáveis aos raios de luz maravilhosa e que nos transmitem intuições que ajudam a nossa evolução.
Quando um ser desencarnado atinge um plano elevado, é fácil para ele enviar esse pensamento para aqueles cuja sensibilidade é igual à sua. Mas, nos planos superiores, o brilho de certos espíritos chega a um ponto que não poderia ser suportado por espíritos inferiores.
As correntes que provêm de planos elevados fluem através das diversas camadas que formam os planos estelares e nem sempre chegam até nós. Entretanto, vossa Terra é atravessada, diariamente, por feixes de ondas que transportam as mensagens e os pensamentos de seres muito evoluídos a outros seres, também evoluídos.
Algumas radiações atravessam, periodicamente, vossa massa terrestre sem contorná-la, para atingir um mundo oposto, no zênite. Já bem sabeis que certas ondas produzidas pelos instrumentos terrestres, atravessam todos os obstáculos. Deus permitiu que tivésseis uma orientação, mas o que sabeis nesse sentido é pouco. Eu mesmo aprendi a me adaptar a esses rastros de ondas; eu os sentia como um sopro, mas não podia compreendê-los; foi preciso, para isso, um trabalho ininterrupto.
É por isso que me dediquei, em primeiro lugar, a estudar o roteiro dos pensamentos que partem dos seres encarnados, a fim de me exercitar em ler os pensamentos dos seres desencarnados. Se segui vossas lutas políticas é porque tinha necessidade de analisar a marcha dos fluidos que se desprendem de cada ser, conforme a natureza de seus pensamentos. Atualmente, posso receber e ler as instruções de espíritos que habitam um determinado plano, em certos mundos e constatei que, além das entidades que flutuam no Espaço e que vos enviam inspirações mais ou menos boas, segundo seu grau de adiantamento, projeções de pensamentos, constituindo feixes de ondas, vindos de mundos muito superiores ao vosso, vos envolvem com uma luz freqüentemente muito bela, mas que vós não percebeis.
Há muito poucos homens que são impressionados por elas.

O Espiritismo e as Forças Radiantes
Léon Denis

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Esquecimento de existências anteriores


O esquecimento das existências anteriores é, em princípio, dissemos, uma das conseqüências da reencarnação; entretanto, não é absoluto esse esquecimento. Em muitas pessoas o passado renova-se em forma de impressões, senão de lembranças definidas. Essas impressões às vezes influenciam os nossos atos; são as que não vêm da educação, nem do meio, nem da hereditariedade. Nesse número podem classificar-se as simpatias e as antipatias repentinas, as intuições rápidas, as idéias inatas. Basta descermos a nós mesmos, estudarmo-nos com atenção, para tornarmos a encontrar em nossos gostos, em nossas tendências, em traços do nosso caráter, numerosos vestígios desse passado. Infelizmente, mui poucos de nós se entregam a esse exame com método e atenção.

Pode-se citar, ainda, em todas as épocas da História, um certo número de homens que, graças a disposições excepcionais do seu organismo psíquico, conservam recordações das suas vidas passadas. Para eles não era uma teoria a pluralidade das existências; era um fato de percepção direta. O testemunho desses homens assume importância considerável por terem ocupado na sociedade do seu tempo altas posições; quase todos, espíritos elevados, exerceram, na sua época, grande influência. A faculdade, muito rara, de que gozavam, era, sem dúvida, o fruto de uma evolução imensa. Estando o valor de um testemunho na razão direta da inteligência e inteireza da testemunha, não se podem passar em claro as afirmações desses homens, alguns dos quais trouxeram na cabeça a coroa do gênio.

É um fato bem conhecido que Pitágoras se recordava pelo menos de três das suas existências e dos nomes que em cada uma delas usava. Declarava ter sido Hermótimo, Eufórbio e um dos Argonautas. Juliano, cognominado o Apóstata, tão caluniado pelos cristãos, mas que foi, na realidade, uma das grandes figuras da História Romana, recordava-se de ter sido Alexandre da Macedônia. Empédocles afirmava que, pelo que lhe dizia respeito, “recordava-se de ter sido rapaz e rapariga”.

Na opinião de Herder (Dialogues sur la Métempsycose), devem ajuntar-se a esses nomes os de Yarcas e de Apolônio de Tiana.

Na Idade Média tornamos a encontrar a mesma faculdade em Gerolamo Cardano.

Entre os modernos, Lamartine declara, no seu livro Voyage en Orient, ter tido reminiscências muito claras de um passado longínquo. Transcrevamos o seu testemunho

“Na Judéia eu não tinha Bíblia nem livro de viagem; ninguém que me desse o nome dos lugares e o nome antigo dos vales e dos montes. Não obstante, reconheci, sem demora,o vale de Terebinto e o campo de batalha de Saul. Quando estivemos no convento, os padres confirmaram-me a exatidão das minhas descobertas. Os meus companheiros recusavam acreditá-lo. Do mesmo modo, em Séfora, apontara com o dedo e designara pelo nome uma colina que tinha no alto um castelo arruinado, como o lugar provável do nascimento da Virgem. No dia seguinte, no sopé de um monte árido, reconheci o túmulo dos Macabeus e falava verdade sem o saber. Excetuando os vales do Líbano, quase não encontrei na Judéia um lugar ou uma coisa que não fosse para mim como uma recordação. Temos então vivido duas ou mil vezes? É pois, a nossa memória uma simples imagem embaciada que o sopro de Deus aviva?”


Léon Denis em
O Problema do Ser, do Destino e da Dor