quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Mediunidade sem amor e trabalho não levará a nada


Há uns trinta anos mais ou menos, Nayá Siqueira Amorim, minha mãe, já
visitava o Chico em Pedro Leopoldo. Trazia lindos casos e ensinamentos que nos alegravam muito.
Gostava muito de ouvir mamãe pela sua peculiaridade em nos transmitir, entusiasmada, os acontecimentos quando de suas viagens a Pedro Leopoldo.
Apaixonava-me por tudo aquilo, apesar de trazer em meu coração a orientação católica que buscava nas missas e catecismos.
Devido à alegria contagiante de mamãe, comecei a ler os livros de Chico e, a cada um que lia, encantava-me cada vez mais.
Nos caminhos de nossa vida, estamos presos aos débitos do passado, trazendo-nos as promissórias para serem cobradas no vencimento. O dia da cobrança chegou com o inevitável acidente que ocasionou o desencarne do meu marido e mais dois companheiros que estavam conosco.
Curiosamente, dois dias após o acidente, mamãe recebeu uma carta de Chico que em determinado trecho dizia o seguinte:- Dona Nayá, a Sras. Esmeralda esteve aqui e confiou-me o seguinte recado:- “Dia à dona Nayá que os passeios para chupar jabuticabas nunca deram certo. Dona Nayá sabe porque estou dizendo isso”.
Chico, sem entender, perguntou:- “Este recado faz sentido?”
Tanto fazia, que o acidente ocorrera exatamente quando estávamos a caminho de um sitio, como costumeiramente fazíamos, para ir chupar jabuticabas.
Apenas para esclarecimento dos amáveis leitores, a Sra. Esmeralda Bitencourt era amiga de mamãe, hoje encontra-se no plano espiritual.
Do acidente, fiquei quase um ano em cadeiras de rodas. O medico, achando que não haveria mais condições para eu andar, resolveu dar-me alta. Em vista disso, resolvi ir ao Rio de Janeiro fazer um tratamento de recuperação na BBR. Assim fui melhorando.
Estava com mais de dez fraturas no corpo todo. As mãos totalmente paralisadas. Quando percebi os primeiros movimentos em minhas mãos, senti uma grande vontade de escrever para o Chico. Completei meu desejo.
Continuei no Rio de Janeiro, em tratamento, por uns dois anos. E, em viagem a Goiânia para reconforto dos meus familiares, resolvi parar em Uberaba.
Nessa oportunidade vi o Chico pela primeira vez.
Maravilhada e muito feliz, junto com mamãe, sentamo-nos aguardando para poder falar-lhe.
Mamãe já idosa, com problemas de saúde e eu sem muitas condições de permanecer por muito temp. por isso, ela resolveu escrever um bilhete ao Chico. Assim que lhe chegou às mãos e o leu, imediatamente mandou chamar-nos. Na sua presença, notei-lhe muita alegria e carinho pela minha melhora, pois o meu estado, quando do acidente, não permitia a  habilitação.
No hospital tomava comunhão diariamente e, apesar de ser católica, também recebia o tratamento de passes que mamãe e um pequeno grupo me aplicavam.
Nesses momentos, vi varias vezes nuvens lindíssimas, nas cores rosa e branca. Preocupava-me sensivelmente, pois pensava que fosse problema de visão. Pedi ao medico para examinar-me. O especialista oftalmológico, após os exames, constatou não haver problemas de visão. Meus olhos estavam perfeitos.
Em outras vezes, comecei a ver pontos luminosos que subiam e desciam em torno do meu corpo, como se estivesse sendo ministrado algum medicamento espiritual. A partir de então, passei a encarar com mais seriedade o Espiritismo Kardecista.
Perdoem-me os leitores a interrupção na seqüência do nosso assunto, mas, continuando aqueles momentos felizes na presença do Chico, este convidou-nos para a prece no dia seguinte cedo. Era com um numero menor de pessoas e não havia receituário, a menos que houvesse necessidade.
Nessa manhã tivemos uma grande alegria, pois nos chegou a primeira mensagem de papai. Mamãe reanimou-se. Atravessava uma situação muito seria, com problemas de minha irmã que há trinta anos era freira e se via obrigada a deixar sua missão, por motivos alheios à sua vontade. Isso magoou-a muito, pois essa tarefa ia de encontro com seus sentimentos. Hoje, graças a Deus, reintegrou-se na vida normal.
Papai reanimava-a.
Para mamãe foi uma prova real de que quem estava ali escrevendo era papai. E não foi só isso. Outros assuntos nos esclarecia. Informava que meu marido melhorava dia a dia.
A satisfação era muito grande, pois precisávamos daquele conforto. 
Aqueles momentos pareciam inacabados, afastando-nos todo o sofrimento. Percebi que papai e Alvicto, meu esposo, estavam sob proteção total dos amigos espirituais. Conscientizei-me
de que deveria trabalhar muito para ajudar cada vez mais meu marido, pois sabia
perfeitamente que após sua recuperação estaria trabalhando em meu auxilio e dos meus.
Graças a Deus hoje sinto-me feliz, com o coração cheio de alegria, sei que Alvicto está conosco na cooperação do bem comum.
A nossa alegria é constante, pois, quando sentimos saudades, recorremos às mensagens e nos reanimamos com as palavras que nos dão forças para o trabalho.
Não que nos faltem outras fontes de sustentação, mas ali estão representadas as presenças de suas imagens. Nesses momentos, mamãe recorda os tempos de Pedro Leopoldo e nos conta alguns casos como o que se segue:
“Certa feita, estava no hotel em Pedro Leopoldo e como os trabalhos terminaram altas horas da noite, aproveitou um pouco mais o dia seguinte para descansar. Escutou bater à porta e não se importou, concluindo que não era com ela, pois a ninguém a conhecia na cidade, a não ser o Chico. Continuou deitada, pensando, inclusive, que fosse no quarto ao lado. Tornaram a bater e a chamaram pelo nome.
Levantou-se rapidamente, e verificou tratar-se de Chico Xavier.
-“Preciso da senhora, dona Nayá. Tem um senhor aqui no hotel passando mal. Veio do Rio de Janeiro e está com problemas muito sérios. Ajude-me a levá-lo para casa. Não quero que lhe aconteça mal maior. Veio de muito longe para visitar-me e preciso cuidar dele.
Colocaram o homem num carro e foram à sua casa. Trabalharam com preces e passes até que ele melhorasse. Voltaram ao hotel.
Tempos depois, mamãe havia esquecido do ocorrido mas, na presença do Chico, lembrou-se e perguntou-lhe “Como vai aquele senhor do Rio?”
- Voltou para casa bem melhor”.
Há pouco tempo em visita a Goiânia. Chico passou rapidamente em casa.
Mamãe perguntou-lhe novamente por aquele senhor, e feliz, soube que ele está gozando boa saúde. Pois é, meus amigos, com tudo o que nos aconteceu pudemos observar que a  mediunidade sem dedicação, sem amor e trabalho, não levará a nada.
 E Chico aí está para estimular-nos com seu exemplo de amor e disciplina no seguimento desta Doutrina que emana de Deus, onde encontramos as chances do trabalho redentor que nos levará aos caminhos certos na pureza do sentimento, envolvendo-nos de amor ao Evangelho de Jesus.

Lelia de Amorim Nogueira


Livro Amor e Luz
Francisco Cândido Xavier
Ditados por
Espíritos Diversos



sexta-feira, 12 de outubro de 2012

As almas que se amam se encontram em outra vida?



Na espiritualidade o sentimento é claro, de uma força e suavidade que mostram o que existe entre os espíritos que o sentem. Tanto mais fácil perceber este elo afetivo, quanto mais desenvolvido moral e espiritualmente é o espírito. Já durante a encarnação, há uma limitação imposta pelo esquecimento do passado, uma vantagem que Deus nos proporcionou para que o livre-arbítrio fosse pleno em nós. Quando encarnamos esquecemos do passado, e deixamos adormecidas lembranças e sentimentos. Se duas almas que se amam se encontram, talvez não venham a perceber imediatamente a importância real de uma na vida da outra, mas sentirão empatia, simpatia ímpar e profunda, o que as faz pender para a pessoa que acabaram de conhecer na nova encarnação. O reconhecimento de um amor de milênios pode ser forte e imediato, mas em geral, para nos facilitar a vida, surge doce e suave, lenta e profundamente.

O fato de duas almas terem aprendido a amar-se e que se procuram para continuar juntas sua jornada – encontrarem-se na encarnação, não significa necessariamente que devam ficar juntas, enquanto a experiência terrena estiver em andamento. Há reencontros que acontecem para que formem família, exemplifiquem o sentimento, evoluindo e dando, uma à outra, força nas provas, expiações e missões que vieram cumprir. É bem comum também que afetos verdadeiros não se encontrem, que estejam, cada um, vivendo experiências com outras almas, de modo a ampliar os laços do amor fraternal. Neste caso, costumam aliviar a saudade através de visitas em espírito (sonhos).

Há ainda outra possibilidade, em geral prova bem difícil por exigir o mais amplo sentimento de resignação, coragem e amor ao próximo: duas almas encontrarem-se, reconhecerem-se, amarem-se e não poderem ficar juntas porque já estão comprometidas com outras pessoas e famílias.

E porque Deus faria isso?
 Deus não fez. As próprias almas pediram esta prova como exercício expiatório e prova de resistência de suas más tendências, em geral, o egoísmo.
Imaginemos…

Duas almas aprendem a se amar; almas gêmeas que se tornam, escolhem experiências que irão fazê-las evoluir. Espíritos ainda em progresso, possuem defeitos morais que estão trabalhando nas existências. Nascem juntas, separadas, na mesma família, em outras, entre amigos ou inimigos. Entre tantas vidas, numa optam por temporariamente (o que são os anos de uma encarnação perante a imortalidade?) por encarnarem separadas. Casam-se com outras pessoas, formam famílias. Mas um dia encontram-se. Reconhecem-se. O amor ressurge. Seus compromissos espirituais são logo esquecidos, desejam-se. Eles deveriam resistir à tentação de trair, de abandonar os companheiros, os filhos, os compromissos, construindo falsa felicidade sobre lágrimas alheias. No entanto cedem. Traem, abandonam, fogem… não importa. Querem ser felizes e isso lhes basta. É o egoísmo e a falta de fé no futuro, que lhes dirige a ação.

Mas não há real felicidade senão a conquistada no direito e na justiça. Se vencerem a tentação de fazer o que citamos, terão no futuro o mérito de estar uma com a outra. Se se deixam arrastar pelas paixões, estarão fadadas a novos afastamentos, lições dolorosas.
Escolhem esta experiência porque a visão que têm na espiritualidade é diferente da limitada visão da encarnação. Melhor abrir temporariamente mão da presença amada, já que o afeto não se esvai na ausência, do que abrir mão de estarem juntos em várias vidas e seus intervalos. Sendo o egoísmo o único motivador (e não o amor) da escolha de ficarem juntos a qualquer preço, constrói-se sólido castelo sobre a areia das ilusões. Fatalmente ele desmoronará, e será preciso reconstruí-lo.

Vania Loir@ Vasconcelos


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Um episódio de luz, na vida de um Santo





Domério de Oliveira

de São Paulo, SP

Para nós, adeptos do Espiritismo, Santo é todo Espírito de grande evolução, que já atingiu o estágio de Espírito Puro, sem qualquer mácula, e, quando encarnado, revela-se como uma criatura sumamente bondosa, sumamente caridosa, sumamente virtuosa. Sim, uma Luz que se materializa.

Para mim, Santo é aquele "Ser" que demonstra uma suprema Grandeza de Alma que devemos eleger como Paradigma.
Na Hagiografia, encontramos a vida de Francisco de Assis, uma linha reta, toda tarjada de pontos luminosos que O qualificam como um Verdadeiro Santo.

São Francisco, assim conhecido por todas as correntes religiosas e por todas muito respeitado, por certo, mostrou-nos o quanto vale o Amor e fez renascer nos corações aquele Cristo de há dois mil anos, fundindo todas as virtudes, na expressão que a sua vida nos oferta. Sim, São Francisco venceu a morte, porque venceu todas as imperfeições, lutou contra os instintos, consolidou os Dons Espirituais no coração e irradiou o Bem em todas as direções.
Meus amigos, vejamos um episódio de luz em sua vida, quando passou por este nosso plano: O Iluminado de Assis, certo dia, saiu de Roma e desceu para Óstia, onde O aguardavam alguns dos seus Discípulos. Sabemos que Óstia fica à margem do mar Tirreno, do lado oposto ao Adriático e, por força da natureza, localiza-se no joelho da bota de que a Itália tem a forma.
Todos os Frades, companheiros de Francisco, ficaram eufóricos com os acontecimentos em Roma que favoreciam os legítimos ideais cristãos sustentados pelo Poverello. Assim, todos reunidos, Mestre e Discípulos, percorreram um longo trecho do caminho, até que avistaram um casebre, onde residia uma família que vivia de pesca. Francisco bateu à porta, pedindo água, pois, todos estavam com bastante sede, e, atendeu-Lhe um senhor robusto e triste que andava às apalpadelas, deslizando as mãos nas paredes, por lhe faltar a vista. Francisco e companheiros saudaram o dono da casa, serviram-se da água fresca de um grande pote de barro queimado, preso a uma forquilha de madeira. Saciada a sede, acomodaram-se por convite do pescador que chamou sua mulher e seus filhos. Estes, ainda crianças. assentaram-se nos colos dos Frades; o menorzinho, de pouco mais de um ano, estendeu os bracinhos para Francisco que o acolheu sorridente. O casal, admirado com a fraternidade daqueles homens, sentiu-se à vontade. O dono da casa, um velho pescador, narrou-lhes o acontecimento que provocou a cegueira. Todos ouviram, com atenção, o drama que ocasionou a cegueira no velho pescador. Este acabou confessando que, mesmo cego, tinha a faculdade de ver coisas maravilhosas e que, naquele instante, conseguia ver os visitantes, todos revestidos de luz. Mesmo cego, sinto com isso satisfação que me consola e me dá esperança. A mulher do pescador, também confessou: — Depois da situação do meu marido, o sofrimento para nós é sem conta; vivíamos da venda de peixes, mas, agora, estamos vivendo de esmolas que nem sempre ganhamos. Penso em ir eu mesma pescar, mas temo as águas perigosas do mar...
O silêncio dominou o ambiente e alguns dos Frades oraram com fervor. Francisco tomou a palavra, como Verdadeiro Mestre da Paz e disse com tranqüilidade:
— Meus filhos, devo dizer a todos que o nosso irmão não ficou cego; ao contrário, agora ele vê mais do que antes poderia observar, porque está enxergando as coisas da Alma e do Verdadeiro Mundo para onde deveremos ir ao findar as nossas vidas terrenas. O corajoso pescador sentiu nas palavras de Francisco um consolo e uma força que lhe fortaleceu a paciência e a esperança no futuro.
Francisco levantou-se e disse ao bom pescador:
__Querido irmão das águas!...
Vamos pedir a Deus que fez também os mares, que deu vida aos peixes, que salgou as águas, que fez os ventos, que fez a Terra, a Luz e as Estrelas, que fez tudo e muito mais que não podemos observar, que fez as maravilhas que tens visto, que te permita a ver como antes. Vamos pedir a Nosso Senhor Jesus Cristo, o Canal de Deus para a Terra, que nos ajude em sua imensa misericórdia e com o seu Amor sem limites e a Maria Santíssima, mãe de Jesus e nossa, que nos abençoem, neste instante e que a Graça do Senhor venha em favor dos que sofrem e choram. Podemos recordar quantos cegos foram curados pelo nosso Divino Amigo. E suplicou, em voz alta:
— Mais um, Senhor! Se for da tua vontade que este homem veja novamente!"
(apud - livro - "Francisco de Assis" - pelo Espírito Miramez - Psicografia de João Nunes Maia).
Francisco, tocado de emoção, levou as mãos aos olhos do pescador cego e observou que um facho de luz esverdeada, de difícil explicação, vinha do alto e penetrava na base do crânio do pescador. E, então, disse, com autoridade:
— Abre os olhos e vê!
O pescador, livre da cegueira, gritou e pulou dentro da sua casa, dando graças a Deus pelo milagre da sua visão.
Eis aí, meus amigos, em linhas genéricas, um dos episódios de luz, na vida deste Santo. Até hoje, em nossos dias, quando a Ele suplicamos, com fé e Amor, sempre derrama sobre nós, seus irmãos mais débeis, cornucópias de Bênçãos.
Até hoje, ainda reboam em nossos ouvidos os dois últimos versos de sua famosa e universal, oração:
"É perdoando que somos perdoados e é morrendo que compreendemos a vida eterna".

(Jornal Verdade e Luz Nº 180 de Janeiro de 2001)