quarta-feira, 27 de junho de 2012

Uma sombra feliz vem até vós

Em minhas obras já citadas, trato longamente dos casos de escrita mediúnica e de escrita direta.
As mensagens obtidas por esses processos denotam grande variedade de estilo e são de valor sensivelmente desigual. Muitas só encerram banalidades; outras, porém, são notáveis pela beleza da forma e elevação do pensamento.
Inseriremos aqui, como exemplo, algumas recentes e inéditas.
O publicista inglês W. H. Stead, morto na catástrofe do Titanic, deu a comunicação seguinte, em 21 de maio de 1912, a Mme. Hervy, num grupo parisiense:









“Caros amigos, uma sombra feliz vem até vós. Desconhecendo-lhe a pessoa, não lhe ignorais, entretanto, o nome, nem a morte trágica no naufrágio do Titanic. Sou Stead. Amigos comuns, entre os quais a duquesa de P..., me trouxeram aqui para que me manifestasse por intermédio de Mme. Hervy, sua amiga. Talvez vos cause admiração que meus Espíritos familiares não me tenham avisado da fatalidade que pesava sobre o Titanic. É que nada pode prevalecer contra o destino, quando irremediável, e eu devia morrer sem que a nenhuma potência humana ou espiritual fosse possível retardar a minha derradeira hora. A agonia do Titanic teve alguma coisa de horrível, mas também de sublime. Houve desesperos loucos e manifestações covardes e brutais do egoísmo humano. Mas, quantos, por outro lado, medindo toda a extensão da coragem, se sentiram maiores diante da morte, mais nobres e mais santos, mais perto de Deus! Saber que se vai morrer na plenitude da vida, na exuberância da força, pela ação dessas potências da Natureza, indomadas sob a aparência da submissão; morrer ao cintilar das estrelas impassíveis; morrer na calma fúnebre do mar gelado, em meio de uma solidão infinita, que angústia para a pobre criatura humana! E que apelo desvairado ela dirige a esse Deus, cujo poder repentinamente descobre!... Oh! as preces daquela noite, as preces, os desprendimentos, as consciências a se iluminarem por súbitos relâmpagos e a fé a se elevar nos corações por entre as harmonias do belo cântico: ‘Mais perto de ti, meu Deus!’
“Agonia de centenas de seres, sim, mas agonia que para muitos era a aurora de um novo dia. Há, para os que viveram, pensaram, sofreram, como também para os que muito gozaram das falazes alegrias que a fortuna dispensa às suas vítimas, um alívio interior e como que um arroubo de esperança, ao reconhecerem que dentro de alguns instantes tudo estará acabado. A alma freme na carne e a subjuga, malgrado os sobressaltos inconscientes da animalidade.
“E quantos dentre nós, proferindo as palavras do cântico: ‘Mais perto de ti, meu Deus!’ se sentiram bem perto do Ser inefável que nos envolve com a sua onipotente serenidade!
“Pelo que me toca, vi, cheio de estranha doçura, aproximar-se a morte, sentindo-me amparado pelos meus amigos invisíveis, penetrado de um misterioso magnetismo que galvanizava os que iam morrer e que tirava à morte todo o horror. Os que morreram sofreram pouco, menos do que os que sobreviveram. Os escolhidos já estavam a meio no mundo espiritual, onde em tudo rebrilha uma vida etérea. A maior amargura não era a deles, mas a dos que, presos à matéria, enchiam os barcos de socorro, que os levavam para continuarem nesse mundo a peregrinação da dor, de que ainda se não haviam libertado.”



No Invisível (capítulo XVI)
Léon Denis









quinta-feira, 21 de junho de 2012

Fomos criados para o desenvolvimento das divinas potências


 O renomado prof. José Herculano Pires assim define as experiências do Espírito em processo de evolução: 



 Estamos vivendo o momento evolutivo do desregramento sensorial, ativado pelos movimentos mundiais pretensamente libertários da mulher. Esta, subjugada à violência do homem durante séculos, animada pelo sentimento de inferioridade trazida pelas religiões, deslocou-se para a outra ponta da corda. Não se reconhece como Ser que traz consigo a possibilidade divina de amar e ge-rar vidas, mas como aquela que deve disputar o mesmo patamar de excessos praticados pelo homem. Instrumento midiático para a venda de produtos masculinos, continua escrava de sua imagem, iludida pela exposição da propaganda. Jesus, ao libertar a mulher adúltera e Madalena, reconheceu-lhes o imenso poder do Amor latente, porém desfocado e desequilibrado. A primeira, pode ter refeito seus caminhos. Madalena, a divina pecadora, encontrou-se a si mesma, amou a Humanidade a quem se dedicou pelo resto de seus dias, deixando uma eloquente mensagem de resgate pelo e para o Amor. Homens e mulheres do século XXI, fomos criados para o desenvolvimento das divinas potências que jazem silenciosas dentro de nosso íntimo. Já é tempo de fazê-las florescer. Já é tempo de colocá-las acima do alqueire, como Jesus o fez. (Publicado no The Journal of Psychological Studies, Londres, Inglaterra, Setembro e Outubro de 2011). Visualize também no site da Fundação Espírita André Luiz: http://www.feal.com.br/artigo.php?car_id=60&col_id=22&t=Evolucao-e-Sexo "Toda experiência representa uma aquisição do Espírito, que passará a integrar as suas funções cognitivas em forma de categorias da intuição. Enquanto não desaparecerem os resíduos do inconsciente, a experiência superada pode ser reativada pela imprudência e o abuso". (PIRES, J.H., Pesquisa sobre o amor, Paidéia, 1983). O lúcido seguidor de Kardec reconhece que erros e delitos perpetrados em vidas transatas poderão ressurgir na forma de comportamento obsessivo ou até agressivo, se não forem trabalhados sistemática e constantemente ao longo de toda uma existência, no sentido de desenvolver valores e virtudes latentes no Espírito. "A sexualidade", prossegue ele, "é uma forma de manifestação do amor. No ser humano, porém, as manifestações do amor abrangem toda a sua estrutura vital, existencial e psico-afetiva. No plano vital, é sensação, trazendo expressões periféricas, deslocando-as para a paixão, que não é exaltação do amor, mas da sensualidade." Lembrando ainda de suas palavras, analisamos que os crimes de amor nada têm a ver com o Amor; são expressões desregradas do sentimento de posse, animadas pelo egoísmo. O ciúme, alimentado por essas expressões, acaba por animalizar o ser humano na torpe expressão de sua mais profunda baixeza. A sexualidade, como manifestação de afeto, plenifica o ser humano quando acompanhada do Amor. Sem este, é mero impulso animal, aviltamento das funções genésicas, cuja finalidade última é a encarnação do Ser. "Nos casais evoluídos o ato sexual não se reduz ao prazer sensorial. Este é apenas a chispa do fogo vital que desencadeia todo o processo da criação humana.(...) Só a mes-quinhez do vulgo, do populacho incapaz de compreender a grandeza de um ato criador poderia ter feito disso motivo de escândalo, malícia e pecado".

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Fonte Viva



"Se um irmão parece desviado aos teus olhos mortais, faze o possível por ouvir as palavras de Jesus ao pescador de Cafarnaum: “Que te importa a ti? Segue-me tu.”

"Quando te sentires cansado, lembra-te de que Jesus está trabalhando. Começamos ontem nosso humilde labor e o Mestre se esforça por nós, desde quando?"

"É contra-senso valer-se do nome de Jesus para tentar a continuação de antigos erros."

"Se teu próximo não pode alçar-se ao plano espiritual em que te encontras, podes ir ao encontro dele, para o bom serviço da fraternidade e da iluminação, sem aparatos que lhe ofendam a inferioridade."

"Conforto espiritual não é como o pão do mundo, que passa, mecanicamente, de mão em mão, para saciar a fome do corpo, mas, sim, como o Sol, que é o mesmo para todos, penetrando, porém, somente nos lugares onde não se haja feito um reduto fechado para as sombras."

"Em Cristo tudo deve ser renovado, O passado delituoso estará morto, as situações de dúvida terão chegado ao fim, as velhas cogitações do homem carnal darão lugar a vida nova em espírito, onde tudo signifique sadia reconstrução para o futuro eterno."

"Os desejos aviltantes, os impulsos deprimentes, a ingratidão, a má-fé, o traço do traidor, nunca foram da carne."

"Se queres que Jesus venha santificar as tuas atividades, endireita os caminhos da existência, regenera os teus impulsos. Desfaze as sombras que te rodeiam e senti-Lo-ás, ao teu lado, com a sua bênção."

"Será muito fácil ao homem confessar a aceitação de verdades religiosas, operar a adesão verbal a ideologias edificantes... Outra coisa, porém, é realizar a obra da elevação de si mesmo, valendo-se da auto-disciplina, da compreensão fraternal e do espírito de sacrifício."

"Os que afirmam apenas na forma verbal que o Mestre se encontra aqui ou ali, arcam com profundas responsabilidades. A preocupação de proselitismo é sempre perigosa para os que se seduzem com as belezas sonoras da palavra sem exemplos edificantes."

"O discípulo sincero sabe que dizer é fácil, mas que é difícil revelar os propósitos do Senhor na existência própria. É imprescindível fazer o bem, antes de ensiná-lo a outrem, porque Jesus recomendou ninguém seguisse os pregoeiros que somente dissessem onde se poderia encontrar o Filho de Deus."

"Ninguém olvide a verdade de que o Cristo se encontra no umbral de todos os templos religiosos do mundo, perguntando, com interesse, aos que entram: “Que buscais?”

"Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa."

"Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia, porquanto o bem ou o mal, tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que regem a vida."

"Não nos esqueçamos, pois, de que é sempre fácil assinalar a linguagem do Senhor, mas é preciso apresentar-lhe o coração vazio de resíduos da Terra, para receber-lhe, em espírito e verdade, a palavra divina."

"A união fraternal é o sonho sublime da alma humana, entretanto, não se realizará sem que nos respeitemos uns aos outros, cultivando a harmonia, à face do ambiente que fomos chamados a servir. Somente alcançaremos semelhante realização “procurando guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz.”

"Ninguém progride sem renovar-se."

"Pregadores que não gastam e nem se gastam pelo engrandecimento das idéias redentoras do Cristianismo são orquídeas do Evangelho sobre o apoio problemático das possibilidades alheias; mas aquele que ensina e exemplifica, aprendendo a sacrificar-se pelo erguimento de todos, é a árvore robusta do Eterno Bem, manifestando o Senhor no solo rico da verdadeira fraternidade."

"Afastemo-nos das nossas inibições e aprendamos com o Cristo a “sair para semear”.

"Vives sitiado pela dor, pela aflição, pela sombra ou pela enfermidade? Renova o teu modo de sentir, pelos padrões do Evangelho, e enxergarás o Propósito Divino da Vida, atuando em todos os lugares, com justiça e misericórdia, sabedoria e entendimento."

"É preferível que a morte nos surpreenda em serviço, a esperarmos por ela numa poltrona de luxo."

"Quando plantares a alegria de viver nos corações que te cercam, em breve as flores e os frutos de tua sementeira te enriquecerão o caminho."

"Transforma as tuas energias em bondade e compreensão redentoras para toda gente, gastando, para isso, o óleo de tua boa-vontade, na renúncia e no sacrifício, e a tua vida, em Cristo, passará realmente a brilhar."

"Se há mais alegria em dar que em receber, há mais felicidade em servir que em ser servido."

"Tua vida pode converter-se num manancial de bênçãos para os outros e para tua alma, se te aplicares, em verdade, ao Mestre do Amor. Lembra-te de que não és tu quem espera pela Divina Luz. É a Divina Luz, força do Céu ao teu lado, que permanece esperando por ti."

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Almas Gêmeas




Pesquisando, encontramos no Livro dos Espíritos alusões à questão.

Quais sejam:
Questão 298. As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a essa união e cada um de nós tem, nalguma parte do Universo, sua metade, a que fatalmente um dia se reunirá? “Não; não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.”

299. Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos? “A expressão é inexata. Se um Espírito fosse a metade de outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.”

300. Se dois Espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros Espíritos? “Todos os Espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, desde que um Espírito se eleva, já não simpatiza, como dantes, com os que lhe ficaram abaixo.”

301. Dois Espíritos simpáticos são complemento um do outro, ou a simpatia entre eles existente é resultado de identidade perfeita? “A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade.”

No livro “O Consolador”, Emmanuel também aborda o tema:

“No sagrado mistério da vida, cada coração possui no Infinito a alma gêmea da sua, companheira divina para a viagem à gloriosa imortalidade. (...) A união perene é-lhes a aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres, se transviados no crime ou na inconsciência, experimentaram a separação das almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama das existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se amam mais intimamente, envolvendo umas para as outras num turbilhão de ansiedades angustiosas; atração que é superior a todas as expressões convencionais da vida terrestre. Quando se encontram no acervo real para os seus corações – a da ventura de sua união pela qual não trocariam todos os impérios do mundo, e a única amargura que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova separação pela morte (...)”.

--- --- ---

A texto acima não contradiz o exposto no Livro dos Espíritos.

Em resposta ao questionamento da Federação Espírita Brasileira (FEB) sobre a possível contradição ao Livro dos Espíritos, Emmanuel explica em nota que com o termo “almas gêmeas” ele não se refere a “metades eternas”.

Diz Emmanuel, que por almas gêmeas ele se refere a espíritos simpáticos uns aos outros, que se buscam, sempre que separados, e para as quais a união perene é a aspiração suprema.

Assim, fica resolvida a questão: de acordo com a Doutrina Espírita como podemos ver nas questões 291 a 303 do Livro dos Espíritos, não existem almas gêmeas.

O que existem são afinidades que se desenvolvem ao longo de nossa estrada evolutiva.

Emmanuel mostra-nos que o Amor – com “a” maiúsculo - entre almas pode ser construído em sucessivas encarnações a ponto de se estabelecerem como duplas evolutivas, uma auxiliando à outra na jornada do crescimento. É muito diferente de olharmos a companheira ou companheiro como alma gêmea romanticamente, ou seja, tendendo a atribuir todo o peso da idealização de alguém que transformaria nossas vidas, correspondendo às nossas carências afetivas.

O propósito de todo Espírito – segundo o Espiritismo - é a evolução espiritual. Sabemos que quanto mais evoluído for o espírito, menos exclusivismos – de qualquer forma - ele devota a qualquer outro.

Irmãos, o amor universal se desenvolve, com toda sua força e esplendor, sem preferências a ninguém e com muita misericórdia a todos!

De acordo com a Psicanálise, o conceito de almas gêmeas é uma ilusão que tenta preencher uma carência emocional e criar uma razão externa para os insucessos amorosos ou para uma esperança de realização. Assim, vamos nos isentando de reflexões sobre nosso comportamento em uma relacionamento e nos consolando sabendo que nossa metade está em algum lugar, nos aguardando e procurando por nós.