quarta-feira, 30 de maio de 2012

A vida espiritual


“A vida espiritual, de maravilhosa beleza, não faz esquecer os nossos amigos terrenos. Por felizes que sejamos, por indizíveis que sejam os gozos que nos embriagam, sempre e sem cessar somos atraídos para o lugar onde transcorreu a nossa última existência, para todos aqueles a quem nos unem os laços de uma afeição fraterna, para junto de vós, enfim, ó bem-amados.




“Sim, pensamos em vós, mesmo das alturas mais inacessíveis a que se possa elevar o pensamento! Vimos até onde estais para vos repetir, num eco distante, que deveis esperar e amar acima de tudo, por muito rude, por muito árida que seja a vida. A esperança e o amor vertem, na existência, a linfa do esquecimento. Dão a coragem, a vontade forte que nos permitem arrostar de ânimo sereno a tempestade. Mas, venha a calma após a borrasca, venha a hora do repouso benéfico e sentireis que nas vossas veias circula a eterna felicidade celeste, que Deus espalha sem medida pelos pobres humanos.
“O tempo, às vezes, vos parece bem longo. De nós esperais as menores comunicações com impaciência e também com uma espécie de curiosidade, e cheios de vaga esperança de que elas vos venham revelar alguma coisa do mistério dos mundos.
“A Providência, porém, sabe que as revelações não seriam compreendidas. Não! A hora ainda não soou! As frases que vos possamos transmitir ficarão sendo, por enquanto, meras frases; exortações à prática do bem, certamente! Cumpre orientar para o melhor as pobres almas sofredoras. Pela doçura, pela bondade, deveis chamar ao vosso seio os irmãos incrédulos. E podeis também, pela caridade, fazer-lhes entrever a meta sublime para a qual deve tender a vida.
“A vida continua, bem o sabeis. Só muda a forma. Todavia, não muda demasiado rápido, porquanto, durante largo tempo, nos conservamos terrestres.
Quiséramos poder exprimir-vos tudo o que o infinito nos dá a contemplar. Mas, ah!, a linguagem humana é pobre, suas palavras são duras, agudas, pesadas como a matéria, ao passo que seriam precisas palavras leves e suaves, de uma suavidade toda especial, capazes de exprimirem os sons e as cores. A atmosfera que vos envolve é por demais espessa para permitir que percebais, ainda que pouco, toda a harmonia que reina nos planos superiores do Universo. Ah!, que esplendores aí se desdobram! E que consolação, que grande recompensa aos nossos males é esta vida, esta embriaguez de todos os instantes!
“Continuamos a ocupar-nos das almas errantes, mas a fonte de amor em que nos dessedentamos é tão viva e tão abundante, que basta para nos deixar entrever destinos inda mais gloriosos. A ascensão prossegue, sem nunca parar. Subir ainda, subir sempre, sem jamais atingi-lo, para o foco da perfeição, para a Causa suprema que nos deve absorver, conservando-nos a personalidade própria.
“O amor, qualquer que seja o mundo em que se esteja, é a força, o eixo das esferas que gravitam em suas órbitas. Na natureza, nos infinitamente pequenos, é o amor, antes de tudo, que guia o instinto. No homem, na sociedade inteira, é o amor que forma as simpatias, que torna possíveis as relações dos humanos entre si. Seja qual for a expressão sob a qual o queiram deformar, seja qual for o nome com que o ridiculizem, se analisardes um pouco, encontrareis sempre o amor, o amor mais ou menos purificado, que existe em todo ser. Ele é o centro, a causa. Reina no lar. É sobre suas fiadas que se constrói a família, a família que perpetua, no tempo e no espaço, a longa série dos séculos, marcando o progresso das humanidades. E é também o amor que rege as amizades sólidas.
“Constituís uma força poderosa, quando as mesmas idéias, o mesmo ardente desejo do bem vos animam. A força fluídica que vos cerca é considerável, e se, de sua resistência, o granito vos pode dar idéias, o cristal, em cujas facetas se vem irisar a luz, poderá fazer-vos perceber-lhe a incomparável pureza.
“Desde o menor até o maior, amai; e, em vossos corações, em vossas almas, correrá a fonte de vida. Sim, é necessário amar ainda, amar sempre, ensinando, continuando a propagar, em toda a sua grandeza, a filosofia que encerra o porquê dos destinos humanos. Trabalhai a terra; deixai que nela entre a relha do poderoso arado do amor e, um dia, as messes louras germinarão ao sol radiante do futuro. Propagai sem descanso. Propagai amando.
Eduardo Petit.”
(Morto a 15 de setembro de 1910,
Praça de Vaugirard, 2 - Paris.)

Léon Denis em
O além e a sobrevivência do Ser

sexta-feira, 18 de maio de 2012

As vidas sucessivas


Como tínhamos dito, o homem deve antes de tudo aprender a se conhecer a fim de clarear seu porvir. Para caminhar com passo firme, precisa saber para onde vai. É conformando seus atos com as leis superiores que o homem trabalhará eficazmente para a própria melhoria e do meio social. O importante é discernir essas leis, determinar os deveres que elas nos impõem, prever as conseqüências de suas ações. O dia em que estiver compenetrado da grandeza de sua função, o ser humano poderá melhor se desapegar daquilo que o diminui e rebaixa; poderá se governar com sabedoria, preparar por seus esforços a união fecunda dos homens em uma grande família de irmãos.
    Mas estamos longe desse estado de coisas. Ainda que a humanidade avance na via do progresso, pode-se dizer, entretanto, que a imensa maioria de seus membros caminha pela via comum, em meio à noite escura, ignorante de si mesma, nada compreendendo do propósito real da existência.
    Espessas trevas obscurecem a razão humana. As radiações da verdade chegam empalidecidas, enfraquecidas, impotentes para aclarar as rotas sinuosas trilhadas pelas inumeráveis legiões em marcha e para fazer resplender aos seus olhos o objetivo ideal e longínquo.
    Ignorando seus destinos, flutuando sem cessar entre o preconceito e o erro, o homem maldiz, por vezes, a vida. Curvando-se sob seu fardo, lança sobre seus semelhantes a culpa das provas que suporta e que, muito freqüentemente, são geradas por sua imprevidência. Revoltado contra Deus, a quem acusa de injustiça, chega mesmo, algumas vezes, na sua loucura e desespero, a desertar do combate salutar, da luta que, por si só, poderia fortificar sua alma, esclarecer seu julgamento, prepará-lo para os trabalhos de uma ordem mais elevada.
    Por que é assim? Por que o homem desce fraco e desarmado na grande arena onde trava sem trégua, sem descanso, a eterna e gigantesca batalha? É porque este globo, a Terra, está em um degrau inferior na escala dos mundos. Aqui residem em sua maior parte espíritos infantis, isto é, almas nascidas há pouco tempo para a razão. A matéria reina soberana em nosso mundo. Nos curva sob seu jugo, limita nossas faculdades, estanca nossos impulsos para o bem e nossas aspirações para o ideal.
    Além disso, para discernir o porquê da vida, para entrever a lei suprema que rege as almas e os mundos, é preciso saber se libertar dessas pesadas influências, desapegar-se das preocupações de ordem material, de todas essas coisas passageiras e cambiantes que encobrem nosso espírito e que obscurecem nossos julgamentos. É nos elevando pelo pensamento acima dos horizontes da vida, fazendo abstração do tempo e do lugar, pairando, de alguma forma, acima dos detalhes da existência, que perceberemos a verdade.
    Por um esforço de vontade, abandonemos um instante a Terra e gravitemos nessas alturas imponentes. De cima se desenrolará para nós o imenso panorama das idades sem conta, e dos espaços sem limites. Da mesma forma que o soldado, perdido no conflito, não vê senão confusão em torno dele, enquanto o general, cujo olhar abraça todas as peripécias da batalha, calcula e prevê os resultados; da mesma forma que o viajante, perdido nas sinuosidades do terreno pode, escalando a montanha, vê-las se fundir em um plano grandioso; assim a alma humana, da altura onde plana, longe dos ruídos da terra e longe dos baixios obscuros, descobre a harmonia universal. Aquilo que, aqui em baixo, lhe parece contraditório, inexplicável e injusto, quando visto do alto, se reata, se aclara; as sinuosidades do caminho se endireitam; tudo se une, se encadeia; ao espírito, fascinado, aparece a ordem majestosa que regula o curso das existências e a marcha do universo.
    Dessas alturas iluminadas, a vida não é mais, para os nossos olhos, como é para os da multidão - uma vã perseguição de satisfações efêmeras - mas antes um meio de aperfeiçoamento intelectual, de elevação moral, uma escola onde se aprende a doçura, a paciência e o dever. E essa vida, para ser eficaz, não pode ser isolada. Fora de seus limites, antes do nascimento e após a morte, vemos, em uma espécie de penumbra, desenrolar-se inúmeras existências através das quais, ao preço do trabalho e do sofrimento, conquistamos, peça por peça, retalho por retalho, o pouco de saber e de qualidades que possuímos; por elas igualmente conquistaremos o que nos falta: uma razão perfeita, uma ciência sem lacunas, um amor infinito por tudo que vive.
    A imortalidade se assemelha a uma cadeia sem fim e se desenrola para cada um de nós na imensidade dos tempos. Cada existência é um elo que se religa, na frente e atrás, a elos distintos, a vidas diferentes, mas solidárias entre si. O presente é a conseqüência do passado e a preparação do futuro. De degrau em degrau, o ser se eleva e cresce. Artesã de seu próprio destino, a alma humana, livre e responsável, escolhe seu caminho e, se este caminho é mau, as quedas que advirão, as pedras e os espinhos que a dilacerarão, terão o efeito de desenvolver sua experiência e esclarecer sua razão nascente.

 Léon Denis

 


O Porquê da Vida

Harmonia do universo


    Deus é o centro de onde emanam e para onde retornam todas as potências do Universo. Ele é o foco de onde se irradia toda idéia de justiça, solidariedade e amor; o objetivo comum para o qual todos os seres se encaminham, consciente ou inconscientemente. É de nosso relacionamento com o grande Arquiteto dos mundos que decorrem a harmonia universal, a comunidade e a fraternidade. Para sermos irmãos, com efeito, é preciso haver um pai comum, e esse pai somente pode ser Deus.
    Deus, dirá você, tem estado presente sob aspectos tão estranhos, por vezes tão revoltantes para os homens crentes, que o espírito moderno se está afastando d’Ele. Mas que importam essas divagações sectárias? Pretender que Deus possa ser diminuído pelos propósitos dos homens equivale a dizer que o monte Branco e o Himalaia possam ser manchados pelo sopro de um mosquito. A verdade paira radiosa, deslumbrante, bem acima das obscuridades teológicas.
    Para entrever esta verdade, o pensamento deve se desligar das regras estreitas, das práticas vulgares, rejeitar as formas pueris com as quais certas religiões têm envolvido o supremo ideal. Deve estudar Deus na majestade de suas obras.
    Na hora em que tudo repousa nas nossas cidades, quando a noite está transparente e o silêncio se faz sobre a terra adormecida, então, ó homens, meus irmãos, elevem seus olhos e contemplem o infinito dos céus!
    Observem a marcha ritmada dos astros, evoluindo nas profundezas. Esses fogos inumeráveis são mundos perto dos quais a Terra não é mais que um átomo, sóis prodigiosos contornados por cortejos de esferas e dos quais as distâncias espantosas que nos separam se medem por milhões de anos-luz. Por isso nos parecem simples pontos luminosos. Mas, dirijam para eles esse olho colossal da ciência, o radiotelescópio, e vocês distinguirão suas superfícies, semelhantes a oceanos em chamas.
    Procurem em vão contá-los; eles se multiplicam até nas regiões mais remotas e confundem-se na distância, como uma poeira luminosa. Observem também, como sobre os mundos vizinhos da Terra se desenham os vales e as montanhas, mares são cavados, nuvens se movem. Reconheçam que as manifestações da vida se produzem por toda parte, e que uma ordem admirável une, sob leis uniformes e por destinos comuns, a Terra e seus irmãos, os planetas errantes no infinito. Verifiquem que todos esses mundos, habitados por outras sociedades humanas, se agitam, se afastam e aproximam dotados de velocidades diversas, percorrendo orbes imensos; por todo lado o movimento, a atividade e a vida se mostram em um espetáculo grandioso. Observem nosso próprio globo, a Terra, que parece nos dizer:”Vossa carne é a minha, vossos entes minhas crianças”. Observem-na, esta grande ama de leite da humanidade; vejam a harmonia de seus contornos, seus continentes, no seio dos quais as nações germinam e crescem, seus vastos oceanos sempre em movimento; acompanhem a renovação das estações revestindo-a, cada vez, de verdes adornos ou de louras colheitas; contemplem os seres vivos que a povoam: pássaros, insetos, plantas e flores; cada um deles é um cinzelado maravilhoso, uma jóia do estojo divino. Observem a si mesmos; vejam o desempenho admirável de seus órgãos, o mecanismo maravilhoso e complicado de seus sentidos. Que gênio humano poderia imitar essas delicadas obras-primas?
    Considerem todas essas coisas e perguntem à sua razão se tanta beleza, esplendor e harmonia, podem resultar do acaso, ou se não existe, sobretudo, uma causa inteligente presidindo a ordem do mundo e a evolução da vida. E se vocês me opusessem os flagelos, as catástrofes, tudo o que vem perturbar essa ordem admirável, lhes responderia: Sondem os problemas da natureza, não se fixem na superfície, desçam ao fundo das coisas e descobrirão, com surpresa, que as aparentes contradições mais não fazem que confirmar a harmonia geral, que são úteis ao progresso dos seres, único propósito da existência.
    Se Deus fez o mundo, replicam triunfalmente certos materialistas, quem então fez Deus? Esta objeção não tem sentido. Deus não é um ser que se junte à série dos seres. Ele é o Ser universal, sem limites no tempo e no espaço, por conseqüência infinito, eterno. Não pode haver nenhum ser acima nem ao lado dele. Deus é a fonte e o princípio de toda vida. É por ele que se religam, unem e harmonizam todas as forças individuais, e que sem Ele estariam isoladas e divergentes.
    Abandonadas a si mesmas, não estando regidas por uma lei, uma vontade superior, essas forças não teriam produzido senão confusão e caos. O fato de existir um plano geral, um propósito comum, do qual participem todas as potências do universo, prova a existência de uma causa, uma inteligência suprema, que é Deus.




Léon Denis

O Porquê da Vida

terça-feira, 8 de maio de 2012

Concentração nas Reuniões Mediúnicas





Uma das dificuldades dos integrantes das reuniões mediúnicas diz respeito à concentração.
   A capacidade de controlar, direcionar e manter o pensamento dentro das finalidades da reunião é, para a maioria, um esforço muito grande e que nem sempre dá bons resultados. Não raro os pensamentos se dispersam, fixam-se em fatos do dia-a-dia e acabam por tornar alguns sonolentos, enquanto outros estão distraídos e longe dos objetivos propostos para um trabalho sério. Alguns poucos, então, conseguem uma boa concentração e estes sustentarão os trabalhos programados, porém, como é óbvio, sem alcançar melhor produtividade devido aos bloqueios vibratórios existentes no ambiente.
   A nossa cultura ocidental não dá ênfase à necessidade do controle mental, pois é fundamentada em uma mentalidade racional, extremamente prática, extrovertida e imediatista valorizando a horizontalidade da vida terrestre, exatamente oposta ao Oriente, cuja mentalidade se estrutura de forma intuitiva, mística e introvertida e que realça a essência espiritual do ser humano, incentivando a busca da verticalidade.
   Nos últimos tempos tem-se notado um sensível aumento no interesse por algumas práticas orientais, ressaltando-se a meditação, cujos benefícios estão sendo procurados pelos ocidentais, que despertaram para a necessidade de uma busca interior, ou seja, o autoconhecimento.
   A concentração que é praticada nas reuniões mediúnicas, evidentemente, tem conotações próprias e não deve ser tomada aqui como as realizadas nas práticas orientais, embora os aspectos semelhantes nas suas bases, quais sejam a disciplina mental, o controle e equilíbrio dos pensamentos. Exatamente por terem estes mesmos fundamentos é que citaremos algumas definições de autores do Oriente, visto que a sabedoria oriental é multimilenar e pode beneficiar-nos sobremaneira através desses pontos comuns.

Concentração - Conceito: Concentrar, segundo o dicionário Aurélio, significa "fazer convergir para um centro ou para um mesmo ponto. Aplicar a atenção a algum assunto".
   Um autor oriental, Mouni Sadhu, esclarece que o poder de concentração consiste na "habilidade para manter inabalavelmente sua percepção sobre um tema escolhido, pelo tempo que você decidir continuar com ele" (Do livro "Meditação").
   É exatamente essa capacidade de concentrar nos objetivos da reunião mediúnica que irá favorecer a realização dos trabalhos.
   Leon Denis, em sua magistral obra "No Invisível", alerta:
                                    "Conforme o seu estado psíquico,
                                      os assistentes favorecem ou 
                                      embaraçam a ação dos Espíritos"

Dificuldades de Concentração

   Deixamos a palavra com Leon Denis, que assinala o motivo principal da dificuldade de concentrar:
                      "Na maior parte dos homens os 
                      pensamentos flutuam sem cessar. 
                      Sua mobilidade constante e sua 
                      variedade infinita pequeno acesso 
                      oferecem às influências superiores. 
                      É preciso saber concentrar-se, pôr 
                      o pensamento acorde com o 
                       pensamento divino.(...)"
                      ("O Problema do Ser, do Destino 
                        e da Dor", cap. XX)

   A reunião mediúnica apresenta ainda outras conotações que são peculiares ao tipo de atividade que ali se desenvolve.
   Assim, a dificuldade de concentrar-se nos objetivos elevados que o exercício da mediunidade requer é resultado da pouca prática que a maioria das pessoas têm de fixarem seus pensamentos em assuntos edificantes, em ideais e idíeias nobres durante o seu dia-a-dia. Estão com a mente sempre ocupada pelos problemas e questões do cotidiano, por coisas supérfluas e interesses imediatistas, pelo noticiário e programa da TV, por literatura e músicas teor inferior, por conversações extremamente banais e irresponsáveis, e não conseguem esvazia-la desses assuntos para dar campo às influências benéficas dos Espíritos Superiores, dos Mentores que assessoram os trabalhos.
   Ensia Leon Denis:
            "As preocupações de ordem material criam correntes 
             vibratórias horizontais, que põem obstáculo às radiações 
             etéreas e restringem nossas percepções. Ao contrário, 
             a meditação, a contemplação e o esforço constante 
             para o bem e o belo formam correntes ascensionais, 
             que estabelecem as relações com os planos superiores 
            e facilitam a penetração em nós deo eflúvios divinos ".

A importância da concentração mediúnica

  "Nesse sentido, consideremos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam a interruptor, de fácil manejo que, acionado, oferece passagem à energia comunicante, sem mais cuidados... A concentração, por isso mesmo, deve ser um estado habitual da mente em Cristo e não uma situação passsageira junto ao Cristo".
   Nossos pensamentos têm determinado teor vibratório, de acordo com os sentimentos que os tipificam.
   É imprescindível compreendermos que o pensamento é energia viva "construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas, com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros(Emmanuel - "Roteiro", cap.28).
    Este é o processo natural de sintonia e que predomina no curso de nossa existência.
   Nas tarefas mediúnicas esta sintonia apresenta peculiaridades próprias. É essencial que exista uma afinizaçào, uma sintonia entre os participantes para que se estabeleça uma sincronia de forças, a conhecida "corrent vibratória".
   Pode-se inferir, desde agora, o quanto é importante a concentração individual, visto que a qualidade dos trabalhos de intercâmbio depende fundamentalmente da participação consciente e responsável de cada um.
    Recordemos Leon Denis, quando leciona a respeito:
              "São favoráveis as condições de experimentação quando o 
               médium e os assistentes constituem um grupo harmônico, 
                isto é, quando pensam e bibram em uníssono. No caso 
                contrário, os pensamentos emitidos e as forças exteriorizadas 
                se embaraçam e anulam reciprocamente..."(No Invisível)

   Ele acrescenta ainda que o médium em meio a essas correntes contrárias fica bloqueado, sem condições de atuar mediunicamente ou bastante prejudicado na filtragem das mensagens.
   Em "O livro dos Médiuns", o Codificador ressalta a necessidade da concentração ao referir-se à reunião como um ser coletivo, resultante das qualidades e propriedades de seus membros e esta tanto mais força terá quanto maior homogeneidade vibratória houver. Ele afirma que o poder de associação dos pensamentos de todos é que contribuirá para a comunicação dos Espíritos, "mas a fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer em um só, o que não pode dar-se sem a concentração"(Item 331).
    Portanto, cada participante precisa estar consciente de sua contribuição para que haja êxito nas atividades programadas pela Espiritualidade Maior.
   João Cleófas(Espírito), m seu excelente livro "Intercâmbio Mediúnico", desenvolve o pensamento de Kardec e Denis, em linguagem moderna:
          "A média que resulta das fixações mentais dos membros 
           que consituem o esforço da sessão mediúnica oferece 
           os recursos para as realizações programadas.
           A concentração individual, portanto é de alta relevância, 
           porque a mente que sintoniza com as idéias superiores 
           vibra em freqüências elevadas"


Como Obter uma boa Concentração

   A concentração não requer um esforço físico. Pessoas que tentam concentrar franzindo a testa, fechando os olhos com força ou denotando qualquer outro tipo de tensão muscular não alcançarão a finalidade a que se propõem.
   Ao contrário do que imaginam, a concentração exige um relaxamento e passa por alguns estágios, quais sejam:
     1. Relaxamento - O relaxamento do corpo físico serve para preparar e favorecer a calma, a tranqüilidade interior.
     2. Abstração - Abstrair-se do mundo exterior, de tudo ao seu redor.
     3. Interiorização - Fazer silêncio interior, abstraindo-se também dos conteúdos psicológicos(emoções, pensamentos, imagens, lembranças, etc).
     4. Fixar a mente - A mente se fixa e a atenção volta-se exclusivamente para o objetivo da reunião.
     5. Aquietar a mente - Neste ponto a mente se aquieta e, no caso dos médiuns, oferece espaço para a sintonia mental com o Espírito que irá transmitir a comunicação.

Afirma João de Cleófas:
         "A concentração, é, pois, a fixação da mente numa idéia positiva,
         idealista, ou na repetição meditada da oração que edifica, e que, 
         elevando o pensamento às fontes geradoras da vida, dá e recebe,
         em reciprocidade, descargas positivas de alto teor de energias 
         santificadoras."(Intercâmbio Mediúnico)

Pensamentos Intrusos

   Todos os que se iniciam nos exercícios de concentração ou de meditação percebem que é difícil controlar os pensamentos e que, com freqüência, vêem-se assaltados por pensamentos intrusos, inconvenientes e inoportunos.
   Deixemos a lição a respeito com um dos mestres orientais:
            "No início toda a sorte de maus pensamentos podem ocorrer,
             se levantarão na sua mente. Você se sobressaltará . 
             Ficará atormentado. Isto é um bom sinal. É sinal de progresso 
             espiritual. Voe está evoluindo espiritualmente. Esses 
             pensamentos, com a continuidade(dos exercícios), morrerão 
             com o tempo".(Trechos do livro "Concentração e Meditação",
             de Swami Sivananda).

   Ele também aconselha que a pessoa não lute contra a sua mente durante a concentração.
   O mais acertado é a ceitar com tranqüilidade e estabelecer o hábito de retorno, isto é, retornar aos objetivos propostos.
   No livro de Mira y Lopes, "Curso Prático de Concentração Mental" o autor refere-se ao"hábito de retorno", para disciplinar a mente.
André Luiz, sintetizando o esforço que os integrantes dos grupos mediúnicos devem realizar, anota em seu livro "Os Mensageiros" a palavra de Aniceto, relativa ao nosso tema:

          "Boa concentração exige vida reta. Para que os nossos 
           pensamentos se congreguem uns aos outros, fornecendo 
          o potencial, de nobre união para o bem, é indispensável o 
          trabalho preparatório de atividades mentais na meditação 
          de ordem superior. A atitude íntima de relaxamento(este 
          termo tem neste contexto o significado de descaso), ante 
         as lições evangélicas recebidas, não pode conferir ao crente, 
         ou ao cooperador, a concentração de forças espirituais no 
         serviço de elevação tão-só porque estes se entreguem 
         apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos 
         compulsórios de amor cristão.(...)."(Cap. 47)

   A Doutrina Espírita é um convite permanente à transformação moral, levando a um processo natural de autodescobrimento e propiciando condições para a realização desse encontro pessoal. Toda essa mudança, quando ocorre naquele que já interiorizou os princípios espíritas, denota um amadurecimento que favorece a uma nova compreensão da vida e a uma necessidade premente da busca da verticalidade. Quando existe essa conscientização o indivíduo torna-se cônscio de usas responsabilidades procurando, então, adquirir hábitos equilibrados, o que irá favorecer a sua concentração enquanto integrante de um grupo mediúnico.
   Deixemos com Emmanuel a palavra final:
           "Receberás, portanto, variados apelos, nascidos do campo 
            mental de todas as inteligências encarnadas e desencarnadas 
            que se afinam contigo, tentando influenciar-te através de 
            ondas inúmeras em que se revela a gama infinita dos 
            pensamentos da Humanidade, mas se buscas o Cristo, não 
            ignoras em que altura lhe brilha a faixa."
             ("Seara dos Médiuns", Faixas pág. 125).



fonte      http://www.grupopas.com.br/cadastroArtigo/mostraArtigo.do?id=87