sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Reencarnação por Léon Denis

"Cada encarnação encontra, na alma que recomeça vida nova, uma cultura particular, aptidões e aquisições mentais que explicam sua facilidade para o trabalho e seu poder de assimilação; por isso dizia Platão: “Aprender é recordar-se!” 
Nossa ternura espontânea por certos seres deste mundo explica-se facilmente. Já os havíamos conhecido, em outros tempos, já os encontráramos. Quantos esposos, quantos amantes não têm sido unidos por inúmeras existências, percorridas dois a dois! Seu amor é indestrutível, porque o amor é a força das forças, o vínculo supremo que nada pode destruir.
As condições da reencarnação não permitem que nossas situações recíprocas se invertam; quase sempre se conservam os graus respectivos de parentesco. Algumas vezes, em caso de impossibilidade, um filho poderá vir a ser o irmão mais novo do seu pai de outros tempos, a mãe poderá renascer irmã mais velha do filho. Em casos excepcionais, e somente a pedido dos interessados, podem inverter-se as situações. Os sentimentos de delicadeza, de dignidade, de mútuo respeito que sentimos na Terra não podem ser desconhecidos no mundo espiritual. Para supô-lo, é preciso ignorar a natureza das leis que regem a evolução das almas!
O Espírito adiantado, cuja liberdade aumenta na razão direta da sua elevação, escolhe o meio onde quer renascer, ao passo que o Espírito inferior é impelido por uma força misteriosa a que obedece instintivamente; mas todos são protegidos, aconselhados, amparados na passagem da vida do espaço para a existência terrestre, mais penosa, mais temível que a morte.
A união da alma com o corpo efetua-se por meio do invólucro fluídico, o perispírito, de que muitas vezes temos falado. Sutil por sua natureza, vai ele servir de laço entre o Espírito e a matéria. A alma está presa ao gérmen por esse “mediador plástico”, que vai retrair-se, condensar-se cada vez mais, através das fases progressivas da gestação, e formar o corpo físico. Desde a concepção até o nascimento, a fusão opera-se lentamente, fibra por fibra, molécula por molécula. Pelo afluxo crescente dos elementos materiais e da força vital fornecidos pelos genitores, os movimentos vibratórios do perispírito da criança vão diminuir e restringirem-se, ao mesmo tempo em que as faculdades da alma, a memória, a consciência esvaem-se e aniquilam-se. É a essa redução das vibrações fluídicas do perispírito, à sua oclusão na carne que se deve atribuir a perda da memória das vidas passadas. Um véu cada vez mais espesso envolve a alma e apaga-lhe as radiações interiores. Todas as impressões da sua vida celeste e do seu longo passado volvem às profundezas do inconsciente e a emersão só se realiza nas horas de exteriorização ou por ocasião da morte, quando o Espírito, recuperando a plenitude dos seus movimentos vibratórios, evoca o mundo adormecido das suas recordações.
O papel do duplo fluídico é considerável; explica, desde o nascimento até a morte, todos os fenômenos vitais. Possuindo em si os vestígios indeléveis de todos os estados do ser, desde a sua origem, comunica-lhe a impressão, as linhas essenciais ao gérmen material. Eis aí a chave dos fenômenos embriogênicos.
O perispírito, durante o período de gestação, impregna-se de fluido vital e materializa-se o bastante para tornar-se o regulador da energia e o suporte dos elementos fornecidos pelos genitores; constitui, assim, uma espécie de esboço, de rede fluídica permanente, através da qual passará a corrente de matéria que destrói e reconstitui sem cessar, durante a vida, o organismo terrestre; será a armação invisível que sustenta interiormente a
estátua humana. Graças a ele, a individualidade e a memória conservar-se-ão no plano físico, apesar das vicissitudes da parte mutável e móvel do ser, e assegurarão, do mesmo modo, a lembrança dos fatos da existência presente, recordações cujo encadeamento, do berço à cova, fornece-nos a certeza íntima da nossa identidade.
A incorporação da alma não é, pois, subitânea, como o afirmam certas doutrinas; é gradual e só se completa e se torna definitiva à saída da vida uterina. Nesse momento, a matéria encerra completamente o Espírito, que deverá vivificá-la pela ação das faculdades adquiridas. Longo será o período de desenvolvimento durante o qual a alma se ocupará em pôr à sua feição o novo invólucro, em acomodá-lo às suas necessidades, em fazer dele um instrumento capaz de manifestar-lhe as potências íntimas; mas, nessa obra, será coadjuvada por um Espírito preposto à sua guarda, que cuida dela, a inspira e guia em todo o percurso da sua peregrinação terrestre. Todas as noites, durante o sono, muitas vezes até de dia, o Espírito, no período infantil, desprende-se da forma carnal, volve ao espaço, a haurir forças e alentos para, em seguida, tornar a descer ao invólucro e prosseguir o penoso curso da existência.
Antes de novamente entrar em contacto com a matéria e começar nova carreira, o Espírito tem, dissemos, de escolher o meio onde vai renascer para a vida terrestre; mas essa escolha é limitada, circunscrita, determinada por causas múltiplas. Os antecedentes do ser, suas dívidas morais, suas afeições, seus méritos e deméritos, o papel que está apto para desempenhar, todos esses elementos intervêm na orientação da vida em preparo; daí a preferência por uma raça, tal nação, tal família. As almas terrestres que havemos amado atraem-nos; os laços do passado reatam-se em filiações, alianças, amizades novas. Os próprios lugares exercem sobre nós a sua misteriosa sedução e é raro que o destino não nos reconduza muitas vezes às regiões onde já vivemos, amamos, sofremos. Os ódios são forças também que nos aproximam dos nossos inimigos de outrora para apagarmos, com melhores relações, inimizades antigas. Assim, tornamos a encontrar em nosso caminho a maior parte daqueles que constituíram nossa alegria ou fizeram nossos tormentos. Sucede o mesmo com a adoção de uma classe social, com as condições de ambiente e educação, com os privilégios da fortuna ou da saúde, com as misérias da pobreza. Todas essas causas tão variadas, tão complexas, vão combinar-se para assegurar ao novo encarnado as satisfações, as vantagens ou as provações que convêm ao seu grau de evolução, aos seus méritos ou às suas faltas e às dívidas contraídas por ele.
Dito isso, compreender-se-á quão difícil é a escolha. Por isso, na maioria das vezes ela nos é inspirada pelas Inteligências diretoras, ou, então, em proveito nosso, hão de elas próprias fazê-lo, se não possuirmos o discernimento necessário para adotar com toda a sabedoria e previdência os meios mais eficazes para ativarem a nossa evolução e expurgarem o nosso passado.
Todavia, o interessado tem sempre a liberdade de aceitar ou procrastinar a hora das reparações inelutáveis. No momento de se ligar a um gérmen humano, quando a alma possui ainda toda a sua lucidez, o seu Guia desenrola diante dela o panorama da existência que a espera; mostra-lhe os obstáculos e os males de que será eriçada, faz-lhe compreender a utilidade desses obstáculos e desses males para desenvolver-lhe as virtudes ou libertá-la dos seus vícios. Se a prova lhe parecer demasiado rude, se não se sentir suficientemente armado para afrontá-la, é lícito ao Espírito diferir-lhe a data e procurar uma vida transitória que lhe aumente as forças morais e a vontade.
Na hora das resoluções supremas, antes de tornar a descer à carne, o Espírito percebe, atinge o sentido geral da vida que vai começar, ela lhe aparece nas suas linhas principais, nos seus fatos culminantes, modificáveis sempre, entretanto, por sua ação pessoal e pelo uso do seu livre-arbítrio; porque a alma é senhora dos seus atos; mas, desde que ela se decidiu, desde que o laço se dá e a incorporação se debuxa, tudo se apaga, esvai-se tudo. A existência vai desenrolar-se com todas as suas conseqüências previstas, aceitas, desejadas, sem que nenhuma intuição do futuro subsista na consciência normal do ser encarnado. O
Temíveis são certas atrações para as almas que procuram as condições de um renascimento, por exemplo, as famílias de alcoólicos, de devassos, de dementes. Como conciliar a noção de justiça com a encarnação dos seres em tais meios? Não há aí, em jogo, razões psíquicas profundas e latentes e não são as causa físicas apenas uma aparência? Vimos que a lei de afinidade aproxima os seres similares. Um passado de culpas arrasta a alma atrasada para grupos que apresentam analogias com o seu próprio estado fluídico e mental, estado que ela criou com os seus pensamentos e ações.

Não há, nesses problemas, nenhum lugar para a arbitrariedade ou para o acaso. É o mau uso prolongado de seu livre-arbítrio, a procura constante de resultados egoístas ou maléficos que atrai a alma para genitores semelhantes a si. Eles fornecer-lhe-ão materiais em harmonia com o seu organismo fluídico, impregnados das mesmas tendências grosseiras, próprios para a manifestação dos mesmos apetites, dos mesmos desejos. Abrir- se-á nova existência, novo degrau de queda para o vício e para a criminalidade. E a descida para o abismo.
Senhora do seu destino, a alma tem de sujeitar-se ao estado de coisas que preparou, que escolheu. Todavia, depois de haver feito de sua consciência um antro tenebroso, um covil do mal, terá de transformá-lo em templo de luz. As faltas acumuladas farão nascer sofrimentos mais vivos; suceder-se-ão mais penosas, mais dolorosas as encarnações; o círculo de ferro apertar-se-á até que a alma, triturada pela engrenagem das causas e dos efeitos que houver criado, compreenderá a necessidade de reagir contra suas tendências, de vencer suas ruins paixões e de mudar de caminho. Desde esse momento, por pouco que o arrependimento a sensibilize, sentirá nascer em si forças, impulsões novas que a levarão para meios mais adequados à sua obra de reparação, de renovação, e passo a passo irá fazendo progressos. Raios e eflúvios penetrarão na alma arrependida e enternecida, aspirações desconhecidas, necessidades de ação útil e de dedicação hão de despertar nela. A lei de atração, que a impelia pa ra as últimas camadas sociais, reverterá em seu benefício e tornar-se-á o instrumento da sua regeneração.
Entretanto, não será sem custo que ela se levantará; a ascensão não prosseguirá sem dificuldades. As faltas e os erros cometidos repercutem como causas de obstrução nas vias futuras e o esforço terá de ser tanto mais enérgico e prolongado quanto mais pesadas forem as responsabilidades, quanto mais extenso tiver sido o período de resistência e obstinação no mal. Na escabrosa e íngreme subida, o passado dominará por muito
tempo o presente e o seu peso fará vergar mais de uma vez os ombros do caminhante; mas, do Alto, mãos piedosas estender-se- ão para ele e ajudá-lo-ão a transpor as passagens mais escarpadas. “Há mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por cem justos que perseveram.” O nosso futuro está em nossas mãos e as nossas facilidades para o bem aumentam na razão direta dos nossos esforços para o praticarmos".


Livro: O Problema do Ser, do Destino e da Dor 


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Acústica da alma

Na acústica da alma existem mensagens sobre o Plano do Criador para nosso destino. Aprender a ouvi-las e exercitar, diariamente, a plena atenção aos ditames libertadores dos sentimentos. Interferências internas e externas subtraem-nos, constantemente, a apreensão desses “recados do coração”.
Escutar os sentimentos não significa adotá-los prontamente. Mas aceitá-los em nossa intimidade e criar uma relação amigável com todos eles. Aceitá-los sem reprimir ou se envergonhar. Essa atitude é o primeiro passo para um diálogo educativo com nosso mundo íntimo. Somente assim teremos uma conexão com nossa real identidade psicológica, possibilitando a rica aventura do autodescobrimento no rumo da singularidade – a identidade cósmica do Espírito.
Escutar os sentimentos é cuidar de si, amar a si mesmo. É uma mudança de atitude consigo. O ato de existir ocorre nos sentimentos. Quem pensa corretamente sobrevive; quem sente nobremente existe. O pensamento é a janela para a realidade; o sentimento é o ponto de encontro com a Verdade. É pela nossa forma de sentir a vida que nos tornamos singulares, únicos e celebramos a individualidade. Quando entramos em sintonia com nossa exclusividade e manifestamos o que somos, a felicidade acontece em nossas vidas.
O sentimento é a maior conquista evolutiva do Espírito. Aprendendo a escutá-lo, estaremos entendendo melhor a nossa alma. Não existe um só sentimento que não tenha importância no processo do crescimento pessoal. Quando digo a mim mesmo “não posso sentir isto”, simplesmente estou desprezando a oportunidade de auto-investigação, de saber qual é ou quais são as mensagens profundas da vida mental.
O exercício do auto-amor está em aprender a ouvir a “voz do coração”, pois nele residem os ditames para nossa paz e harmonia.
Os sentimentos são guias infalíveis da alma na sua busca de ascensão e liberdade. O auto-amor consiste na arte de aprender a escutá-los, estudar a linguagem do coração.
Pela linguagem dos sentimentos, entendemos o “apoio” do universo a nosso favor. Mas como seguir nossos sentimentos com tantas ilusões? Eis a ingente tarefa de nossos grêmios de amor espírita-cristão: educar para ouvir os nossos sentimentos. Radiografar nosso coração. Desenvolver estudos sistematizados de si mesmo.
Temos nos esforçados tanto quanto possível para aplicar as orientações da doutrina com nosso próximo. Mas... E nós? Como cuidar de nós próprios? A proposta libertadora de Jesus estabelece: “amai ao próximo”, e acrescenta:”como a ti mesmo”. 

Escutando Sentimentos
WANDERLEY S. DE OLIVEIRA
Pelo Espírito ERMANCE DUFAUX


Trajes dos espíritos


Durante as numerosas ocasiões em que, como vidente, temos observado entidades desencarnadas, quer em nosso estado normal, quer quando nos há sido possível penetrar o mundo invisível, levada em corpo espiritual (perispírito) pelos Guias e Instrutores que nos deferem essa honra, grande número de Espíritos temos visto, e até com eles convivido, se deste modo nos podemos expressar, de variada gradação moral e intelectual, e apenas uma vez nos recordamos de ter percebido um inteiramente desnudo. Contrariamente, o que temos presenciado nos confere o direito de categoricamente afirmar que - sim! - os Espíritos se trajam e modificam a aparência das vestes que usam conforme lhes apraz, exclusão feita de alguns muito inferiores e criminosos, geralmente obsessores da mais ínfima espécie, cuja mente não possui vibrações à altura de efetuar a admirável

"operação plástica" requerida. Por isso mesmo, a aparência destes últimos costuma ser chocante para o vidente, pela fealdade, ou simplesmente pela miséria, pois se apresentam cobertos de andrajos e farrapos, como que empapados de lama, ou embuçados em longos sudários negros, com mantos ou capas que lhes envolvem os ombros e a cabeça e, não raro, mascarados por um saco negro enfiado na cabeça, com duas aberturas à altura dos olhos, tais os antigos verdugos da Inquisição, uniformizados para operações nas salas de suplícios, de que nos dão conhecimento as gravuras antigas. Longos chapéus costumam trazer também, assim como botas de canos altos, conquanto muito difícil seja ao médium ver os pés. Tais Espíritos procuram, frequentemente, esconder o rosto e insultam rudemente o médium, se este os surpreende com a visão. Certamente que o instrumento mediúnico, diante de uma aparição dessa categoria, precisará estar de posse de toda a tranquilidade fornecida pela fé e pela confiança adquiridas através do exercício mediúnico, a fim de se não deixar envolver pelas faixas daninhas expelidas pela entidade, cuja presença, se se tornar constante, poderá produzir, a um médium pouco experimentado, desequilíbrios graves e até mesmo a obsessão. A prece será sempre a melhor defesa contra essa espécie de habitantes do mundo invisível. Se a prece for feita com a necessária confiança, levando o médium a se harmonizar com as vibrações superiores do Além, geralmente tais entidades se afastam com rapidez, apavoradas e contrafeitas.

Tais aparições, no entanto, não são frequentes, parecendo-nos mesmo que as que temos surpreendido sômente nos foram permitidas sob a direção dos nossos Instrutores Espirituais, para a necessária observação e estudo. Raramente aceitam elas uma conversação doutrinária. Cremos que sômente a reencarnação, num trabalho de educação pela dor dos aprendizados pungentes, terá eficiência no seu soerguimento moral.

Ainda que tal revelação - a do vestuário dos Espíritos - desagrade a alguns estudiosos, que não admitem tal possibilidade, e que têm os Espíritos como seres diferentes dos homens, abstratos, vagos, não poderemos afirmar senão que, pelo menos os que se conservam chegados à Terra, pelas lembranças de terem sido homens muitas vezes, são eles tão simples e naturais que nos dão a impressão de homens apenas algo mais frágeis na sua estrutura, mais belos alguns, porque lucilantes e delicadíssimos na sua feição perispiritual, mas hediondos e repulsivos outros, porque de aparência inferior ao comum dos mortais terrenos, mais desagradáveis à vista.

Devassando o Invisível
de Yvonne A. Pereira
 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Reencarnação

19. Por que o Espírito que está no espaço encarna em um corpo?

r. Porque é a lei de sua natureza, a condição necessária de seus progressos e de seu destino. A vida material, com suas dificuldades, precisa do esforço e o esforço desenvolve nossos poderes latentes e nossas faculdades em germe.

20. O Espírito só encarna uma vez?

r. Não. Ele reencarna tantas vezes quantas sejam necessárias para atingir a plenitude de seu ser e de sua felicidade.

21. Mas, para atingir esse fim, a pluralidade das existências é então necessária?

r. Sim, porque a vida do Espírito é uma educação progressiva, que pressupõe uma longa série de trabalhos a realizar e de etapas a percorrer.

22. Uma só existência humana, quando é muito boa e muito longa, não poderia bastar ao destino de um Espírito?

r. Não. O Espírito só pode progredir, reparar, renovando várias vezes suas existências em condições diferentes, em épocas variadas, em meios diversos. Cada uma de suas reencarnações lhe permite apurar sua sensibilidade, aperfeiçoar suas faculdades intelectuais e morais.

23. Dissestes que o Espírito reencarna para reparar; então, ele praticou o mal em suas vidas precedentes?

r. Sim. O Espírito praticou o mal, já que não fez todo o bem que devia ter feito. Existe aí uma lacuna que é necessário preencher.

24. Que é o mal?

r. É a ausência do bem, como o falso é a negação do verdadeiro e a noite a ausência da luz. O mal não tem existência positiva; ele é negativo por natureza. A prática do bem engrandece o nosso Ser; a sua omissão o diminui.

25. Como as reencarnações nos permitem reparar as existências falhas?

r. Da mesma forma como o operário recomeça a tarefa que fez mal, assim o Espírito refaz a vida em que falhou.

26. Temos provas da reencarnação dos Espíritos?

r. Sim, primeiramente as que os próprios Espíritos nos trazem em suas revelações; em seguida, as aptidões inatas de cada indivíduo, que determinam sua vocação e lhe traçam neste mundo as grandes linhas de sua vida. Daí, as diferenças materiais, intelectuais e morais que distinguem entre si os homens na Terra e explicam as desigualdades sociais.

27. A doutrina da reencarnação é uma descoberta recente do espírito humano?

r. De forma alguma: a humanidade sempre acreditou nela; toda a Antigüidade a professou; os grandes iniciados a ensinaram ao mundo e Jesus mesmo a ela se referiu em seu Evangelho.

28. Já que vivemos várias vezes, como se explica que não guardamos nenhuma lembrança de nossas vidas passadas?

r. Deus não o permite, porque nossa liberdade ficaria diminuída pela influência da lembrança do nosso passado. “O que põe a mão na charrua, se quer fazer bem seu trabalho, não deve olhar para trás.”

29. Por qual fenômeno o esquecimento de nossas vidas anteriores se produz assim entre nós?

r. No momento em que o Espírito reencarna, isto é, toma um corpo, à medida que nele penetra, suas faculdades adormecem, uma após outra; a memória se apaga e a consciência adormece. No momento da morte se produz o fenômeno contrário: à medida que o Espírito desencarna, as faculdades se desprendem, uma após outra, a memória se liberta, a consciência desperta. Todas as vidas anteriores vêm, pouco a pouco, ligar-se à vida que o Espírito acaba de deixar.

30. Não existe algum meio de provocar momentaneamente a lembrança das vidas passadas?

r. Sim. Pela hipnose ou sono artificial em diversos graus. Sábios contemporâneos fizeram e ainda fazem em nossos dias experiências concludentes, que comprovam a realidade das existências anteriores.

31. Como se fazem essas experiências?

r. Quando um experimentador consciencioso e competente encontra um indivíduo apto a suportar sua influência magnética, ele o adormece. Graças a esse sono, a vida presente é momentaneamente suspensa: então, a lembrança das vidas anteriores, adormecida nas profundezas da consciência, desperta e o indivíduo hipnotizado revê e narra todo o seu passado. Foram escritos livros inteiros sobre essas revelações preciosas, que nos fazem conhecer as leis do destino.

32. É necessário que a vida atual seja suspensa, adormecida, para que as vidas anteriores se revelem?

r. Sim, como é necessário que o sol se deite para que as estrelas, ocultas nas profundezas da noite, apareçam a nossos olhos.



Léon Denis
Síntese Doutrinária
Prática do Espiritismo
Traduzido do Francês
Synthèse doctrinale et pratique du Spiritualisme
1921

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Redenção

Depois dessa edificação extraordinária, os grandes iniciados do Egito voltam ao plano espiritual, no curso incessante dos séculos. Com o seu regresso aos mundos ditosos da Capela, vão desaparecendo os conhecimentos sagrados dos templos tebanos, que, por sua vez, os receberam dos grandes sacerdotes de Mênfis. Aos mistérios de Ísis e de Osíris, sucedem-se os de Elêusis, naturalmente transformados nas iniciações da Grécia antiga. Em algumas centenas de anos, reuniram-se de novo, nos planos
espirituais, os antigos degredados, com a sagrada bênção do Cristo, seu patrono e salvador. A maioria regressa, então, ao sistema da Capela, onde os corações se reconfortam nos sagrados reencontros das suas afeições mais santas e mais puras, mas grande número desses Espíritos, estudiosos e abnegados, conservaram-se nas hostes de Jesus, obedecendo a sagrados imperativos do sentimento e, ao seu influxo
divino, muitas vezes têm reencarnado na Terra, para desempenho de generosas e abençoadas missões.

Do livro A caminho da Luz
de Francisco Xavier por Emmanuel

sábado, 4 de fevereiro de 2012

As Pirâmides




A assistência carinhosa do Cristo não desamparou a marcha desse povo cheio de nobreza moral. Enviou-lhe auxiliares e mensageiros, inspirando-o nas suas realizações, que atravessaram todos os tempos provocando a admiração e o respeito da posteridade de todos os séculos. Aquelas almas exiladas, que as mais interessantes características espirituais singularizam, conheceram, em tempo, que o seu degredo na Terra atingia o fim. Impulsionados pelas forças do Alto, os círculos iniciáticos sugerem a construção das grandes pirâmides, que ficariam como a sua mensagem eterna para as futuras civilizações do orbe. Esses grandiosos monumentos teriam duas finalidades simultâneas: representariam os mais sagrados templos de estudo e iniciação, ao mesmo tempo que constituiriam, para os pósteros, um livro do passado, com as mais singulares profecias em face das obscuridades do porvir. Levantaram-se, dessarte, as grandes construções que assombram a engenharia de todos os tempos. Todavia, não é o colosso de seus milhões de toneladas de pedra nem o esforço hercúleo do trabalho de sua justaposição o que mais empolga e impressiona a quantos contemplam esses monumentos. As pirâmides revelam os mais extraordinários conhecimentos daquele conjunto de Espíritos estudiosos das verdades da vida. A par desses conhecimentos, encontram-se ali os roteiros futuros da Humanidade terrestre. Cada medida tem a sua expressão simbólica, relativamente ao sistema cosmogônico do planeta e à sua posição no sistema solar. Ali está o meridiano ideal, que atravessa mais continentes e menos oceanos, e através do qual se pode calcular a extensão das terras habitáveis pelo homem, a distância aproximada entre o Sol e a Terra, a longitude percorrida pelo globo terrestre sobre a sua órbita no espaço de um dia, a precessão dos equinócios, bem como muitas outras conquistas científicas que somente agora vêm sendo consolidadas pela moderna astronomia.


LIVRO "A CAMINHO DA LUZ"
CHICO XAVIER
POR EMMANUEL

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Politeísmo simbólico

Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sabia-se da existência do Deus Único e Absoluto, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres, mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a função dos Espíritos prepostos de Jesus, na execução de todas as leis físicas e sociais da existência planetária, em virtude das suas experiências pregressas. Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, então, a idéia politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu, do Homem e da Natureza. As massas requeriam esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades exteriores da religião. Já os sacerdotes da época conheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos os tempos, satisfazendo-as com as expressões esotéricas de suas lições sublimadas. Dessa idéia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som das flautas dos pastores, em contacto permanente com a Natureza.

Livro A caminho da luz
Chico Xavier
por Emmanuel